segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Pesquisas iludem farmacêuticas e pacientes



Por Gautam Naik | The Wall Street Journal

Dois anos atrás, um grupo de pesquisadores de Boston publicou um estudo descrevendo como haviam destruído tumores cancerígenos atacando uma proteína chamada STK33. Cientistas da empresa de biotecnologia Amgen Inc. logo aproveitaram a ideia e encarregaram mais de vinte pesquisadores de tentar repetir o experimento, com o objetivo de criar um remédio.

Foi um desperdício de tempo e dinheiro. Após seis meses de trabalho intensivo em laboratório, a Amgen concluiu que não conseguiria replicar os resultados e descartou o projeto.

"Fiquei decepcionado, mas não surpreso", diz Glenn Begley, vice-presidente de pesquisas da Amgen em Thousand Oaks, na Califórnia. "É comum não conseguir reproduzir resultados" publicados por pesquisadores em revistas especializadas.

Este é um dos "segredinhos" da medicina: a maioria dos resultados, inclusive os que aparecem em publicações de primeira linha com revisão pelos pares, não podem ser reproduzidos.

"É uma questão muito séria e preocupante porque, obviamente, engana as pessoas", que implicitamente confiam em resultados publicados em revistas respeitadas, diz Bruce Alberts, editor da revista "Science". A publicação científica americana dedicou grande parte de sua atual edição ao problema da "replicação de experiências científicas".

A reprodutibilidade é o alicerce de toda a pesquisa moderna, o padrão pelo qual as afirmações científicas são avaliadas. Os fabricantes de medicamentos dependem muito da pesquisa acadêmica em estágio inicial e podem desperdiçar milhões de dólares em produtos, se depois se verificar que os resultados originais não são confiáveis. Pacientes podem se inscrever em ensaios clínicos com base em dados conflitantes, e por vezes não se beneficiar, ou mesmo sofrer efeitos colaterais perigosos.

Há também um problema mais traiçoeiro e mais difundido: a preferência por resultados positivos.

Ao contrário das empresas farmacêuticas, os pesquisadores acadêmicos raramente realizam experimentos de maneira "cega". Isto torna mais fácil escolher apenas os resultados estatísticos que apoiam um resultado positivo. Na busca de empregos e de financiamento, o crescente exército de cientistas precisa de mais experiências bem-sucedidas em seu currículo, não de experiências fracassadas. Uma explosão de novas revistas científicas e acadêmicas vem contribuindo para aumentar a pressão.

Quando se trata de resultados que não podem ser reproduzidos, Alberts diz que a complexidade cada vez maior dos experimentos pode ser a grande culpada. "Isso tem a ver com a complexidade da biologia e com o fato de que os métodos [usados em laboratórios] estão ficando mais sofisticados", diz ele.

É difícil avaliar se o problema da reprodutibilidade vem piorando; há alguns sinais sugerindo que esse talvez seja o caso. Por exemplo, a taxa de sucesso dos testes clínicos de Fase 2 - onde se mede a eficácia de uma droga em seres humanos - caiu de 28% em 2006-2007 para 18% em 2008-2010, segundo análise global publicada na revista "Nature Reviews" em maio.

"A falta de reprodutibilidade é um elemento do declínio no sucesso da Fase 2", diz Khusru Asadullah, executivo de pesquisas da Bayer AG.

Em setembro a Bayer publicou um estudo relatando que interrompeu quase dois terços de seus projetos iniciais que visavam produzir novas drogas porque os experimentos feitos em seus laboratórios não conseguiram igualar as alegações feitas na literatura.

A empresa farmacêutica alemã informa que nenhuma das alegações que ela tentou validar constava de artigos que foram depois retratados, ou que estavam sob suspeita de serem falhos. Mesmo dados publicados nas revistas de maior prestígio não puderam ser confirmados, segundo a Bayer.

Em 2008 a Pfizer Inc. fez uma grande aposta, com valor potencial de mais de US$ 725 milhões, de que poderia transformar um remédio russo para resfriado de 25 anos de existência em uma droga eficaz contra Alzheimer.

A idéia era promissora. Publicados pela revista "Lancet", os dados de pesquisadores da Faculdade de Medicina Baylor e outros centros de pesquisa sugeriam que o anti-histamínico chamado Dimebon podia melhorar os sintomas em pacientes de Alzheimer.

Descobertas feitas mais tarde e apresentadas por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Los Angeles em uma conferência em Chicago mostraram que a droga aparentemente evitava a piora dos sintomas por até 18 meses.

"Estatisticamente, os estudos eram muito robustos", diz David Hung, diretor-presidente da Medivation Inc., firma de biotecnologia de San Francisco que patrocinou ambos os estudos.

Em 2010 a Medivation, juntamente com a Pfizer, divulgou dados de seu próprio ensaio clínico para o Dimebon, envolvendo quase 600 pacientes com sintomas leves a moderados de Alzheimer.As duas empresas informaram que não conseguiram reproduzir os resultados da "Lancet". Também indicaram que não encontraram nenhuma diferença estatisticamente significativa entre os pacientes que tomaram o medicamento em relação aos que tomaram um placebo.

A Pfizer e a Medivation acabaram de concluir um estudo de um ano sobre o Dimebon em mais de 1.000 pacientes, em mais um esforço para ver se a droga poderia tratar Alzheimer. Os resultados devem ser anunciados nos próximos meses.

Os cientistas têm várias teorias sobre por que duplicar resultados pode ser tão difícil. Laboratórios diferentes podem usar equipamentos ou materiais ligeiramente diferentes, levando a resultados divergentes. Quanto mais variáveis há em um experimento, mais provável é que pequenos erros não intencionais acabem fazendo as conclusões se inclinarem de uma forma ou de outra. E é claro que dados que foram manipulados, inventados ou alterados fraudulentamente não resistirão a uma futura análise.

Segundo a Real Sociedade do Reino Unido, em 2007 havia 7,1 milhões de pesquisadores trabalhando no mundo todo em todas as áreas científicas - acadêmicas e empresariais - 25% a mais que cinco anos antes.

"Entre as razões mais óbvias, porém não quantificáveis, há uma competição imensa entre os laboratórios e uma pressão para publicar", escreveu Asadullah e outros da Bayer, em seu artigo de setembro. "Há também uma propensão para publicar resultados positivos, já que é mais fácil conseguir que estes sejam aceitos em boas publicações."

As publicações científicas também estão sob pressão. O número dessas revistas saltou 23% entre 2001 e 2010, segundo a Elsevier, que analisou os dados. Essa proliferação aumentou a competição até mesmo entre as revistas de elite, que podem gerar atenção publicando artigos chamativos, em geral com resultados positivos, para atender à demanda incessante dos meios de comunicação noticiosos.

Alberts, da "Science", reconhece que as revistas cada vez mais têm que encontrar um equilíbrio entre publicar estudos "de interesse amplo", e ao mesmo tempo garantir que não sejam sensacionalistas.

As farmacêuticas também têm uma queda pelos resultados positivos. Um estudo de 2008 publicado na revista "PLoS Medicine" por pesquisadores da Universidade da Califórnia em San Francisco analisou dados de 33 pedidos de registro de novos medicamentos, apresentados entre 2001 e 2002 à FDA, a agência americana que regulamenta os alimentos e medicamentos. A agência exige que as farmacêuticas forneçam todos os dados dos ensaios clínicos. Mas os autores descobriram que uma quarta parte dos dados dos ensaios - em geral desfavoráveis - nunca foi publicada, porque as empresas nunca os apresentaram para revistas especializadas.

Resultado: médicos que receitam os medicamentos aprovados pela FDA muitas vezes nunca veem os dados desfavoráveis.

"Eu diria que publicar dados seletivamente é antiético, pois há seres humanos envolvidos", diz Lisa Bero da UCSF, coautora do estudo da "PLoS Medicine".

Um porta-voz da FDA disse por e-mail que a agência considera todos os dados que recebe ao examinar uma droga, mas "não tem autoridade para controlar o que uma empresa decide publicar."

As empresas de capital de risco também estão encontrando cada vez mais casos de estudos que não podem ser repetidos, e citam esse fato como uma das principais razões que lhes tiram o incentivo de financiar projetos em estágios iniciais. Antes de investir em pesquisas em estágio muito inicial, a Atlas Ventures, firma de capital de risco que apoia empresas de biotecnologia, agora pede a um laboratório externo para validar dados experimentais. Em cerca de metade dos casos os resultados não podem ser reproduzidos, diz Bruce Booth, sócio do grupo de Ciências da Vida da Atlas.

Houve vários casos de destaque nos últimos meses. Por exemplo, em setembro a revista "Science" retratou parcialmente um estudo de 2009 que estabelecia uma relação entre um vírus e a síndrome da fadiga crônica, porque diversos laboratórios não conseguiram reproduzir os resultados publicados. A decisão foi tomada depois que dois dos 13 autores do estudo voltaram a examinar as amostras de sangue e descobriram que estavam contaminadas.

Alguns estudos não podem ser reproduzidos por um motivo mais prosaico: os autores não oferecem todos os dados em estado bruto para cientistas rivais.

John Ioannidis da Universidade de Stanford tentou recentemente reproduzir os resultados de 18 trabalhos publicados na respeitada revista "Nature Genetics". Ele observou que 16 desses artigos afirmavam que os dados subjacentes sobre a "expressão gênica" para os estudos estavam disponíveis publicamente. Mas aparentemente os dados fornecidos não eram detalhados o suficiente, e os resultados de 16 dos 18 artigos principais não puderam ser reproduzidos integralmente por Ioannidis e seus colegas. "Temos que [acreditar na palavra dos colegas] que os resultados estão corretos", disse.

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O declínio da Aids



editoriais@uol.com.br - FSP 23/11

A boa notícia é que tanto as mortes por Aids como as novas infecções pelo vírus HIV estão caindo em todo o mundo. Em relação ao pico dos óbitos, registrado em 2005, o total de fatalidades verificadas em 2010 diminuiu 18%.

Já a transmissão de novos casos no ano passado recuou 21% em comparação com o auge da epidemia, em 1997.

Apesar dos avanços, um exército de 1,8 milhão de pessoas morreu no ano passado por causa da Aids. Esses números foram apurados pela Unaids, a agência das Nações Unidas encarregada de combater a moléstia.

O foco da epidemia continua sendo a África, que reúne 23 milhões dos 34 milhões de pessoas vivendo com o vírus. Foi também neste continente que a doença provocou mais estragos, reduzindo drasticamente a expectativa de vida em alguns países e contribuindo para agravar a miséria local.

A principal razão para a redução dos óbitos é o maior acesso da população aos medicamentos antirretrovirais. É possível, contudo, avançar nessa frente. Nos países de renda média e baixa, pouco menos da metade dos doentes recebe as drogas.

Infelizmente, a crise financeira no mundo desenvolvido poderá complicar a continuidade desses programas. No ano passado já se constatou uma ligeira queda nas doações.

Outro aspecto importante é ampliar os testes que revelam a presença do vírus. Estima-se que, no Brasil, entre 250 mil e 300 mil pessoas sejam soropositivas sem sabê-lo. Isso significa que podem estar inadvertidamente contaminando seus parceiros sexuais. Descobri-los e tratá-los cumpre o duplo objetivo de preservar vidas e conter a disseminação da Aids.

Um ponto omitido pelo relatório da Unaids, mas que merece atenção, é o da história natural da doença. Uma previsão da biologia para todas as moléstias de origem viral é que, com o tempo, as cepas em circulação se tornem menos agressivas.

Um vírus que mate todos os seus hospedeiros reduz suas chances de sobrevivência. Assim, além dos méritos da Unaids e de todos os que estão na linha de frente do combate à epidemia, é preciso considerar que, felizmente, a tendência é o HIV tornar-se menos virulento.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Em tratamento, Lula tira barba que mantém há 30 anos e raspa cabelo

Valor 17/11
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva raspou ontem a barba e o cabelo, dezesseis dias depois de iniciar o tratamento contra o câncer de laringe. Careca, manteve apenas o bigode. Na próxima semana, Lula deve submeter-se à segunda sessão de quimioterapia.

A esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, cortou a barba e o cabelo dele. A barba marcou o visual de Lula por mais de trinta anos. Em 1989, quando disputou a Presidência, foi chamado de "sapo barbudo" por Leonel Brizola, governador morto em 2004. Até o fim dos anos 70, porém, o petista usava bigode, sem barba. Em 1978, era esse o visual que se destacava no então líder sindical enquanto pedia votos para Fernando Henrique Cardoso eleger-se senador pelo PMDB de São Paulo. "Nunca vi Lula sem bigode", recorda-se Paulo Okamotto, amigo do petista e diretor-presidente do Instituto Lula. Segundo Okamotto, o ex-presidente "está bem" e "sempre pergunta" sobre o funcionamento do instituto que leva seu nome.

A mudança no visual de Lula, por conta da quimioterapia, fomentou boatos como o de que a marca Gillette teria oferecido R$ 1 milhão para o petista raspar a barba. A Gillette e o Instituto Lula desmentiram a informação. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), ganhou R$ 500 mil da Procter&Gamble, dona da marca Gillette, para tirar a barba, cultivada por 34 anos, e doou a quantia ao Instituto Ayrton Senna.

Lula foi submetido à primeira sessão de quimioterapia em 31 de outubro e a próxima será no dia 21. A quimioterapia deve ser feita até o fim do ano, seguida por radioterapia, em janeiro de 2012. O término do tratamento está previsto para o fim de janeiro.

Com a saúde debilitada, Lula tem evitado participar de eventos e cancelou viagens. Ontem, ausentou-se de encontro com empresários sobre investimentos na África, organizado pelo Instituto Lula em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Hoje será homenageado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, mas não deverá participar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Como congestionamentos podem afetar a saúde mental


Por Robert Lee Hotz The Wall Street Journal

Cidades congestionadas estão se tornando tubos de ensaio para cientistas estudarem o impacto da poluição do trânsito sobre o cérebro humano.

Quando as rodovias se estrangulam com o trânsito, pesquisadores suspeitam que o escapamento dos carros e caminhões - especialmente as pequenas partículas de carbono já relacionadas a doenças do coração e respiratórias, e ao câncer - podem também danificar as células cerebrais e as sinapses que são elementos-chave para o conhecimento e a memória.

Novos estudos de saúde pública e experiências de laboratório sugerem que, em cada estágio da vida, a fumaça do trânsito tem um efeito mensurável na capacidade mental, inteligência e estabilidade emocional. "Mais e mais cientistas estão tentando descobrir se e por que a exposição à poluição do escapamento do carro pode danificar o cérebro humano", diz o médico epidemiologista Jiu-Chiuan Chen, da Universidade do Sul da Califórnia, que está analizando os efeitos da poluição do trânsito sobre a saúde cerebral de 7.500 mulheres em 22 Estados americanos. "As informações sobre efeitos nos humanos são muito recentes."

Até aqui, a evidência é basicamente circunstancial mas preocupante, dizem os pesquisadores. E ninguém tem certeza ainda das consequências para biologia do cérebro ou comportamento. "Existe motivo real para preocupação", diz a neuroquímica Annette Kirshner, do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental da RTP, uma organização de pesquisa científica na Carolina do Norte. "Mas nós devemos proceder com cautela".

Carros e caminhões produzem hoje um décimo da poluição de um veículo de 1970. Ainda assim, mais pessoas estão nas ruas e elas estão frequentemente paradas no trânsito. Nos dez piores corredores de trânsito dos Estados Unidos, motoristas dirigindo passam, em média, 140 horas por ano, quase o mesmo que passam no trabalho em um mês, segundo uma nova pesquisa.

Ninguém sabe se as pessoas que fazem a viagem diária do trabalho para casa respirando a fumaça pesada do trânsito sofrem algum efeito permanente sobre o funcionamento cerebral. Pesquisadores tem estudado apenas o potencial impacto com base no local onde a pessoa mora e onde os níveis de poluição do ar são mais altos. Mesmo se existisse algum efeito cognitivo crônico nos motoristas, ele poderia ser muito pequeno para uma medida confiável ou poderia ser subestimado por outros fatores de saúde como estresse, dieta ou prática de exercício físico que afetam o cérebro, dizem especialistas.

Estudos recentes mostram que respirar o nível de fumaça de uma rua por apenas 30 minutos pode intensificar a atividade elétrica em regiões do cérebro responsáveis pelo comportamento, personalidade e tomada de decisão, mudanças que são sugestivas de estresse, cientistas na Holanda descobriram recentemente. Respirar o ar normal da cidade com alto nível de poluição de trânsito por 90 dias pode mudar a maneira como os genes se ativam e desativam entre os mais velhos; também pode deixar uma marca molecular no genoma de um recém-nascido para o resto da vida, reportaram pesquisas feitas por pesquisadores das universidades Columbia e Harvard.

Crianças em áreas afetadas por altos níveis de emissões de poluentes tiveram, em média, desempenhos muito baixos em teste de inteligência e eram mais predispostas a depressão, ansiedade e problemas de atenção que crianças que cresceram em áreas de ar mais limpo, atestaram pesquisadores de diferentes grupos em Nova York, Boston, Pequim e Cracóvia, na Polônia. E homens e mulheres mais velhos com longa exposição a níveis mais elevados de partículas relacionadas ao trânsito e ozônio tiveram problemas de memória e racionínio que efetivamente acrescentaram mais cinco anos a sua idade mental, constaram este ano outros pesquisadores universitários em Boston. As emissões de poluentes podem elevar o risco de mal de Alzheimer e acelerar os efeitos da doença de Parkinson.

"As evidências de que a poluição do ar pode afetar o cérebro estão crescendo", diz a médica epidemiologista Heather Volk, da Faculdade de Medicina Keck, da Universidade do Sul da Califórnia. "Nós estamos começando a perceber que os efeitos podem ser mais extensos do que achávamos".

Revisando registros de nascimento, Volk e seus colegas calcularam que crianças nascidas de mães que moram num raio de 300 metros de uma grande rodovia em Los Angeles, San Francisco ou Sacramento - grandes cidades da Califórnia - eram duas vezes mais propensas a ter autismo, independentemente de gênero, etnicidade, nível educacional, idade da mãe, exposição a cigarro e outros fatores. As descobertas foram publicadas neste ano na publicação científica "Environmental Health Perspectives".

"Baseado em nossa informação, o ar poluído pode ser um fator de risco para autismo", diz Volk. Mas, existem tantas possibilidades genéticas e influências ambientais que "é muito cedo para alarme", diz ela.

A fumaça dos carros pode ir muito mais longe do que se pensava. A poluição de uma grande rodovia de Los Angeles alcançou quase 2,5 quilômetros a favor do vento - 10 vezes mais do que se imaginava antes.

Cientistas acreditam que medidas simples para acelerar o trânsito são um fator para redução de problemas de saúde pública. Em New Jersey, partos prematuros, um fator de risco para problemas cognitivos, em áreas em torno de rodovias caíram 10,8% depois da introdução de um sistema tipo expresso, que facilitou o tráfego e reduziu a poluição de automóveis, de acordo com estudos publicados em revistas científicas este ano e em 2009.

Depois que as autoridades de tráfego de Nova York redicionaram recentemente o fluxo no Times Square, centro da cidade, para reduzir o congestionamento, os níveis de poluição do ar nas áreas próximas caíram 63%.

Cientistas estão apenas começando a entender a biologia básica do efeito neurológico das toxinas do escapamento do carro, especialmente da exposição no prenatal e ao longo da vida. "É difícil desembaraçar todas as coisas do escapamento do automóvel e separar os efeitos do trânsito de todas as outras possibilidades", diz Currie, que estuda a relação entre o trânsito e a saúde infantil.

Pesquisadores em Los Angeles, a cidade mais congestionada dos EUA, estão estudando ratos que cresceram no laboratório respirando ar de uma rodovia próxima. Eles descobriram que as partículas inaladas pelos ratos - cada partícula menor que um milésimo da largura de um cabelo humano - de alguma forma afetam o cérebro, causando inflamação e alterando a química entre os neurônios envolvidos na capacidade de aprendizado e na memória.

Inspeção em veículos a diesel reduz mortes em São Paulo, afirma estudo da USP


A inspeção ambiental nos veículos a diesel foi responsável por evitar a morte de 252 pessoas na cidade de São Paulo em 2010, de acordo com estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentado no dia 18. A pesquisa aponta também que foram evitadas 298 internações por problemas provocados pela poluição – no caso do diesel, principalmente de material particulado. A impureza do ar agrava doenças como asma e pneumonia.

“É como se a gente fumasse um pouco sem querer, cerca de dois ou três cigarros. Não é muito em comparação ao fumante, mas afeta bebês, gestantes, asmáticos”, explicou à Folha.com o médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP. Segundo o especialista, cerca de quatro mil pessoas morrem todos os anos em consequência da poluição do ar em São Paulo, mais do que os óbitos registrados em razão da aids e da tuber­culose somados.

O relatório considerou cálculos do consultor Gabriel Branco, com base nos dados da inspeção em 2010. Os 121 mil veículos a diesel inspecionados foram responsáveis por reduzir uma quantidade de material particulado que seria produzida por 20 mil veículos. “Ou seja, é como se a inspeção tivesse ‘retirado’ da frota da cidade 20 mil veículos”, comparou Branco.

Os veículos a diesel produzem 40% do material particulado na atmosfera. Segundo especialistas, a tecnologia do diesel no Brasil é atrasada, pois um ônibus daqui polui até 15 vezes mais que os da Europa e Estados Unidos. O estudo da USP aponta que, caso toda a frota a diesel esperada pela inspeção se submetesse ao teste (240 mil veículos), teriam sido evitadas 498 mortes e 588 internações no ano passado.

“Quando o médico tem um paciente com sobrepeso, ele recomenda uma dieta. Mas, nessa área, a saúde não tem o que fazer. Você não pode recomendar para ninguém que tenha ar engarrafado, que fuja da cidade. O remédio está nas mãos de outras secretarias”, observou Saldiva.

No bolso

O estudo da USP aponta ainda que, com a redução das internações, a inspeção economizou ao sistema de saúde público e particular US$ 987,4 mil (R$ 1,6 milhão). Caso toda a frota fosse inspecionada, seriam economizados US$ 1,9 milhão (R$ 3 milhões). Para Saldiva, “é mais fácil você sensibilizar as pessoas por dinheiro do que por fila de hospital”.

“O gestor tem que ter esta informação, porque ele sabe quanto custa mudar, mas não sabe quanto custa manter”, Paulo Saldiva.

De acordo com Saldiva, o próximo estudo a ser realizado será o do impacto da inspeção nos automóveis e motos, que emitem monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

* Publicado originalmente no site EcoD.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Repelente dos pescadores


Repelente barato, cheiroso e eficaz! Leiam, não é só para o mosquito da dengue. Estou repassando, por entender tratar-se de uma solução fácil para um problema que vem se arrastando e adoecendo tantas pessoas. Se for possível, repassem. Senhores, volto a insistir, com tanta chuva, está sendo impossível controlar poças d’agua e criadouros, como sabem. Estou fazendo um trabalho de formiguinha e está dando certo. Este repelente caseiro, ingredientes de grande disponibilidade, fácil de preparar em casa, de agradável aroma, econômico. Em contato com pessoas, tenho notado que não se protegem, estão reclamando que crianças estão cheias de picadas. Tenho distribuído frascos como amostra, todos estão aderindo. Já distribuí 500 frascos e continuo. Mas, sou sozinha, trabalhando com recursos próprios, devido ao grande número de casos de dengue, não consigo abranger. Gostaria que a SUCEN sugerisse aos municípios distribuir este repelente (numa emergência) nos bairros carentes com focos da dengue, ensinando o povo para futuramente preparar e usar diariamente, como se usa sabonete, pasta de dente. Protegeria as pessoas e ao mesmo tempo, diminuiria a fonte de proteína do sangue humano para o aedes maturar seus ovos, atrapalhando assim, a proliferação. Não acham que qualquer ação que venha a somar nesta luta deveria ser bem vinda?

DENGUE: FAÇA O REPELENTE DOS PESCADORES EM CASA:

1/2 litro de álcool;

- 1 pacote de cravo da Índia (10 gr);

- 1 vidro de óleo de nenê (100ml)

Deixe o cravo curtindo no álcool uns 4 dias agitando, cedo e de tarde;

Depois coloque o óleo corporal (pode ser de amêndoas, camomila, erva-doce, aloe vera).

Passe só uma gota no braço e pernas e o mosquito foge do cômodo.

O cravo espanta formigas da cozinha e dos eletrônicos, espanta as pulgas dos animais.

O repelente evita que o mosquito sugue o sangue, assim, ele não consegue maturar os ovos e atrapalha a postura, vai diminuindo a proliferação.

A comunidade toda tem de usar, como num mutirão. Não forneça sangue para o aedes aegypti!

Ioshiko Nobukuni

Sobrevivente da dengue hemorrágica

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

GORDINHO, GORDO



Paulistano de 27 anos conta como deixou para trás 81 kg e uma vida sedentária após se submeter a uma cirurgia de redução de estômago e virar o cotidiano do avesso com a ajuda do esporte; agora, ele se prepara para sua primeira prova tripla, de corrida, ciclismo e natação

RESUMO
O gerente de recursos humanos Wellington Costa Landin, 27, chegou a pesar 152 kg, com 1,73 m de altura. O paulistano fez cirurgia de redução de estômago, perdeu peso, mas voltou a engordar, depois de se mudar para Estância Velha, no Rio Grande do Sul, com a namorada. Eles se conheceram em uma sala de bate-papo para gordinhos na internet. Landim conta que só abandonou seus velhos hábitos ao começar a correr. Ele quer se formar em educação física e trabalhar com obesos.

(...) Depoimento a

RODOLFO LUCENA
COLUNISTA DA FOLHA

Eu era o gordinho legal. Com 13 anos e 1,65 m de altura, já pesava mais de 90 kg, sempre sedentário, não estava nem aí para a saúde.
Com 17 anos, só queria aquela bebidinha, um cigarrinho, e a balança já estava nos 120 kg.
Os problemas aumentaram: dificuldade para subir em um ônibus ou descer uma escada, além de começar a perceber o valor que as pessoas dão à estética.
Passei a fumar para valer, tive problemas de circulação, diabetes, mas o pior foi a depressão: comecei a não mais me aceitar como eu era e a me revoltar por não conseguir emagrecer.

OPERAÇÃO
Em 2008, aos 24 anos, cheguei a pesar 152 kg, o ápice da obesidade, passando o IMC [Índice de Massa Corporal] de 50 (minha altura é de 1,73 m).
Fui procurar ajuda no Hospital das Clínicas de São Paulo. Fiz um ano de preparação psicológica e acompanhamento até que, em novembro de 2009, fui autorizado a passar por uma cirurgia de redução de estômago -tinha conseguido baixar o peso para 133 kg.
Acabei ficando internado por quase três meses, por complicações na cirurgia. Mesmo quando saí do hospital, ainda fiquei com uma sonda gástrica por mais 60 dias, para alimentação. Só me alimentava via sonda....
Perdi um peso considerável, cheguei perto dos 80 kg, e consegui voltar a trabalhar.
Mas continuava fumante e sedentário, mesmo sendo funcionário de uma academia de ginástica.
Operei o estômago, mas a cabeça continuava de obeso.

MESA FARTA
O que mudou minha vida foi uma pessoa que conheci pela internet, quando eu ainda me recuperava da cirurgia, mas já tinha saído do hospital. Eu conversava pela internet com pessoas que tinham o mesmo problema de peso que eu, procurava esclarecer dúvidas sobre a cirurgia de redução de estômago e, um belo dia, encontrei a Sílvia em uma sala de bate-papo para gordinhos.
Começamos a namorar à distância, pois ela é do Rio Grande do Sul. A gente se encontrava uma vez por mês, até que decidimos pela minha mudança para o Sul.
Vim de mala e cuia para Estância Velha, uma cidadezinha linda no pé da serra, com um baita frio e comida farta, muito farta.
Cheguei aqui depois de um ano e três meses da cirurgia, já tinha perdido mais de 70 kg. Mas com cinco meses no novo regime, engordei 10 kg fácil, fácil. Cheguei aqui com 78 kg e logo estava com 86 kg. Naquele andar da carruagem, logo estaria beirando os 100 kg novamente.
Comecei então a caminhar para tentar controlar o peso. Fazia tudo a pé. Resolvi dar pequenos trotes e em dois meses estava correndo 5 km. Fiquei maravilhado.
Virei amante e viciado em endorfina assim como todos que habitam esse mundo que me parecia tão distante! Para falar a verdade, não sei como demorei 26 anos e alguns meses da minha vida para descobrir algo tão maravilhoso, prazeroso e saudável.

VIDA DE ATLETA
A corrida me traz uma satisfação enorme: menos de um ano após minhas primeiras caminhadas, estou correndo os 10 km em 39 minutos, o que é uma marca boa para um amador iniciante como eu -é o que me dizem.
Hoje treino sozinho, fazendo de 50 km a 60 km por semana. Também comecei a pedalar forte e estou fazendo uma média de 250 km a 300 km por semana. Participo de provas de duatlo -corrida e bicicleta-e, no ano que vem, quero fazer meu primeiro meio Ironman [1.900 m de natação, 90 km de bicicleta, 21,1 km de corrida].
Estou fazendo um trabalho nutricional e acompanhamento fisioterápico, pois meu "chassi" depois de tanto tempo já não é mais o mesmo.
Faço acompanhamento médico quase mensal e sei que ainda vou ter de passar por outra cirurgia para tirar o excesso de pele -nos meus 71 kg de hoje, pelo menos uns dois são de pelanca.
Essa vida de atleta amador é muito nova para mim. As conquistas me dão ânimo e motivos para querer melhorar cada dia mais na vida, não só como um corredor, mas como ser humano.
Já decidi que, assim que me formar em recursos humanos, começo a fazer educação física, e meu foco vai ser trabalhar com pessoas com obesidade.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

A doença da pressa



Os psicólogos dizem que o sentimento permanente de urgência sem justificativa é uma síndrome contemporânea – também gera problemas físicos

Revista Época
O dia da gaúcha radicada em São Paulo Edi Terezinha Ramos Caldeira, de 59 anos, começa às 5 da manhã. Ela gosta de adiantar as coisas enquanto a casa dorme. Divide seu tempo entre a casa, a família e a venda de joias. Chega a atender 40 pessoas em uma semana. Não dirige, mas pouco depende de ônibus. Como a maior parte de seus clientes vive na vizinhança e em bairros próximos, Terezinha faz o percurso a pé. “Se somar o tempo que passo parada no ponto de ônibus e o percurso, sou mais rápida”, diz. Ela é mais rápida também do que o elevador. Seu principal ourives fica no 7o andar de um prédio no centro da cidade de São Paulo. Terezinha não se lembra se algum dia pegou a fila do elevador. Ela sobe de escada. “É uma barbaridade o que esse elevador demora.” As caminhadas com o peso da mala de rodinhas que puxa para cima e para baixo lhe renderam o desgaste da cartilagem do joelho recentemente. E, há dez anos, uma crise de depressão séria. Ela se viu, de uma hora para outra, obrigada a assumir o lugar do síndico do condomínio onde mora. “Foi muita coisa ao mesmo tempo. Pifei”, diz ela. Foi um ano de antidepressivos e terapia para Terezinha se recuperar. No ano seguinte, teve mais duas crises. Desde então, aprendeu a perceber os sintomas. Ela suspende as visitas a clientes até se recompor. E não tem depressão há oito anos.

O perfil de Terezinha faz parte do cenário da vida moderna. Quem não conhece alguém como ela? Organizada, fissurada no relógio, altamente produtiva. Aparentemente, são pessoas que agem de acordo com as exigências das obrigações do ambiente externo. Mas cresce o número de psicólogos que desconfiam que, momento em muitas pessoas, a pressa surge sem estímulos externos justificáveis. Longos períodos de correria condicionaram as pessoas a viver dessa forma mesmo quando não precisam.

Será uma atitude normal ou doentia? A distinção é sutil. Para começar, casos assim não podem ser classificados como doença, mas como um comportamento obsessivo. Caracterizam-se por um sentimento de pressa sem motivo. Crônico. Surge mesmo nas férias ou em situações em que não há motivo para alguém ficar ansioso ou apressado. Os principais sinais de que o sentimento de urgência fugiu do controle são quando algo simples e, aparentemente inofensivo, causa irritação e até mesmo raiva intensa. Quem fica nervoso com um sinal fechado, um elevador seguindo na direção oposta quando não está atrasado para nenhum compromisso é uma possível vítima da pressa crônica.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Cuidadora de idosos Indicação

Indico a cuidadora de idosos abaixo que cuidou da minha mãe durante muitos anos. Saiu para trabalhar no programa do GDF Saúde da Família. Nesta semana o GDF dispensou todos os profissionais que tinham sido admitidos através da Fundação Zerbini, em torno de 400, e era o caso dela. Como é de total confiança e tem muita experiência, fico tranquila em indicá-la, na certeza que prestará um bom serviço. Se necessário, estou à disposição para dar mais informações no telefone 8124-2888 ou por email daguinhamaria@gmail.com

EVA BARBOSA FERREIRA DE CARVALHO
Tel.: 3358-9916 / 9275-7956 / 3372-0916 (mãe - deixar recado que ela retorna)

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Indicação de Ortodontista BSB

Eu recomendo fortemente dr. Rogerio Felix (61) 3344-8122.

Ele trata dos meus filhos há 6 anos.

Gisele



A Dra. Eliane, do IBO (406 sul) é excelente. Fiz tratamento ortodôntico com ela por pouco mais de 2 anos e o resultado foi muito bom.
Aproveito para indicar outros dois profissionais, também do IBO: Dr. Leonardo e Dr. Henrique, com os quais também faço manutenção periódica.

Fernando Celso


quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Aprenda a dar um descanso para os seus olhos


A poluição, as noites mal-dormidas e o uso contínuo e demorado de computadores podem provocar vermelhidão, ardor e mesmo o inchaço da região dos olhos. A exposição prolongada a todos esses fatores é uma causa muito provável de fadiga ocular, problema cada vez mais comum.

Para melhorar a sua visão sugerimos as seguintes estratégias. Você vai perceber a diferença:

Exercite os músculos oculares: direcione lentamente o olhar para cima, depois para baixo. Continue com um movimento lento para a esquerda e depois para a direita. Repita o exercício durante três ou quatro minutos.

Técnica de descanso: sempre que estiver trabalhando na frente do monitor e sentir que os olhos estão cansados, desvie o olhar da tela. Esfregue uma mão na outra e coloque-as em forma de concha sobre as pálpebras. Mantenha-se assim durante alguns minutos e você sentirá a diferença.

Máscara relaxante: recheie uma máscara de tecido para os olhos com sementes de linho e lavanda, como se fosse um saquinho de chá. Deite e coloque-a sobre as pálpebras fechadas durante dez a 15 minutos. O aroma da lavanda facilitará o relaxamento.

Máscara regeneradora: se depois de várias horas diante da tela de algum eletrônico, você estiver com as pálpebras caídas e com olheiras, prepare no liquidificador uma mistura com uma cenoura e um pepino sem casca. Coloque tudo em uma gaze e repouse-a sobre as pálpebras fechadas. Mantenha assim durante vários minutos.

Alimentação: também afeta a saúde e o aspecto dos olhos. Consuma cenoura e frutas vermelhas, que são grandes fontes de vitamina A e, por isso, fazem bem aos olhos.

Adéque o computador para lubrificar os olhos: procure deixar a tela mais baixa que os olhos. Isso diminuirá a área de exposição e a evaporação da lágrima. Outra coisa importante é lembrar que é preciso piscar para evitar ressecamentos.

Éverton Oliveira - Redação Saúde Plena

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Anatomia do ego


O cérebro decifrado por Damásio e Nicolelis - FSP 25/09

RESUMO
Dois neurocientistas compõem retratos do cérebro como um órgão ainda mais complexo e maleável do que se pensava: enquanto o brasileiro Miguel Nicolelis busca implantes cerebrais para tentar fazer paraplégicos andarem, o português António R. Damásio quer ir mais longe e descobrir os mistérios da consciência.

MARCELO LEITE

EM CONDIÇÕES NORMAIS, seria descabido citar numa mesma resenha o último livro do português António R. Damásio e o do brasileiro Miguel Nicolelis. A primeira obra de divulgação de Nicolelis, "Muito Além do Nosso Eu", é um bom trabalho. Damásio, por sua parte, escreveu mais uma obra-prima: "E o Cérebro Criou o Homem".
Há muitas razões para reuni-los, e não só pelo fato de ambos terem o português como língua materna e escreverem em inglês. Damásio e Nicolelis são exemplos excepcionais de pesquisadores da periferia que venceram na arena mais sangrenta da ciência mundial, os Estados Unidos. Confirmam, com isso, a regra de que emigrar é o primeiro passo na senda do sucesso e da fama em ciência natural.
Nicolelis tornou-se uma celebridade no Brasil. "Voltou" ao país para fundar o Instituto Internacional de Neurociência de Natal Edmond e Lily Safra (IINN-ELS), na periferia da periferia -voltou entre aspas, pois seu domicílio principal ainda é Durham, na Carolina do Norte, onde detém cátedra na Universidade Duke.
Tem bom trânsito na cúpula petista. Leva plateias às lágrimas quando promete o pontapé inicial da Copa de 2014 por um brasileirinho paraplégico metido num exoesqueleto. Protagonizou o mais rumoroso rififi da pesquisa nacional em tempos recentes: um racha no embrionário IINN-ELS, que levou à migração de seus principais cientistas para a Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
A boa surpresa é que Nicolelis, entre tantas idas e vindas, produziu um livro interessante, culto e informativo. Não sem problemas, como tudo. E eles começam pelo subtítulo: "A nova neurociência que une cérebro e máquinas e como ela pode mudar nossas vidas".

PENSAMENTO SÍMIO Nicolelis notabilizou-se como pesquisador porque seu grupo conseguiu fazer macacos moverem robôs "só com a força do pensamento": microeletrodos inseridos no cérebro do animal amostram sinais elétricos que, interpretados por computadores, reproduzem nas máquinas movimentos harmoniosos comandados pelo símio.
É uma façanha e tanto. Pode não ser suficiente para ganhar um Nobel -o tempo dirá. E por certo é insuficiente para funcionar como princípio explicativo da "nova neurociência", que mal começa a orientar-se no labirinto da malfadada dicotomia mente-cérebro. Serve, contudo, como fio condutor de uma história cativante.
Para fazer funcionar e para explicar os feitos de seu aparato biônico, Nicolelis toma partido em favor dos "distribucionistas" de Thomas Young [1773-1829], contra os "localizacionistas" de Franz Joseph Gall [1758-1828]. Ou seja, o cérebro não se reduz a um mosaico de módulos especializados (visão, tato, linguagem etc.), muito menos a uma coleção de neurônios correspondentes a objetos únicos.
Opera mais como uma orquestra: timbres, sons, notas e ritmo compõem o concerto de vozes e naipes que constitui uma sinfonia.
"Muito Além do Nosso Eu" [trad. Miguel Nicolelis, 552 págs., R$ 39,50] se abre com uma bela narrativa sobre música, conhecimento e ciência, a partir de um episódio vivido pelo autor quando ainda estudante na Faculdade de Medicina da USP.
A homenagem ao mentor César Timo-Iaria convoca a ópera "Parsifal", de Richard Wagner, para introduzir o funcionamento do cérebro como um processo sinfônico. Cada sucessão de pensamentos, percepções, imagens ou ordens motoras corresponde à ativação (disparos simultâneos) de populações de neurônios em diversas partes do órgão.
À metáfora operística segue-se a política: populações podem produzir eventos espantosamente coordenados, como o comício do movimento Diretas Já em 16 de abril de 1984, na praça da Sé paulistana.
De analogia em analogia, a narrativa de Nicolelis flui sem maiores impedimentos (a não ser por tropeços aqui e ali, como uma anedota deslocada sobre o tenor italiano Enrico Caruso e o presidente americano Ted Roosevelt). Quase leva o leitor a esquecer que está diante, ainda assim, de uma árida aula de neuroanatomia e neurofisiologia.

MOTOR CENTRAL Lição enviesada, porém. Em que pese o esforço perceptível de oferecer visão abrangente do funcionamento do cérebro, Nicolelis não chega a compor uma explicação da mente conciliável com a experiência interior de quem o lê -e que busca na literatura de divulgação sobre neurociência justamente a oportunidade de ir um pouco além do próprio eu.
Tudo, no livro, acaba girando em torno do tema da motricidade, que afinal é a área de especialidade do pesquisador da Duke. A concepção de um cérebro não compartimentado e plástico (em constante adaptação), mesmo que em perfeita sintonia com a neurociência contemporânea, serve a um propósito mais pragmático que elucidativo: promover o programa de pesquisa de Nicolelis como a revolução que (ainda não) é.
Tendo demonstrado e utilizado experimentalmente a incorporação de objetos exteriores (instrumentos, próteses, robôs) ao esquema mental do organismo primata, o autor parece encará-la como princípio organizador e até como razão de ser do cérebro.
"Acredito que essa fome do cérebro por incorporar ferramentas abrirá um novo capítulo na evolução", escreve, "oferecendo-nos meios de estender nossos corpos, alcançando talvez a imortalidade, de uma maneira muito particular: preservando nosso pensamento para a posteridade."
Em lugar de morte cerebral, vamos todos um dia brindar o "upload" de nossos egos numa máquina. Pode ser. Mas isso está muito além -demasiado além- do nosso eu, aqui e agora, em geral atormentado por coisas menos devastadoras que paralisia, cegueira ou surdez, como lembranças ruins, compulsão por comida ou drogas, depressão.
Damásio prefere andar para trás, no passo da evolução por seleção natural, o que lhe permite alcançar explicações a um só tempo mais modestas e mais portentosas. Seu olhar é retrógrado, e sua engenharia, reversa. O subtítulo de seu livro, em inglês, trai o escopo ambicioso: "Construindo o cérebro consciente" -já o título inspirado, "Self Comes to Mind", foi vertido pela editora brasileira como um pobre "E o Cérebro Criou o Homem". O livro chega no final de outubro às livrarias brasileiras, pela Companhia das Letras [trad. Laura Motta, 416 págs., R$ 49].

BRAÇOS-FANTASMAS Curiosamente, os dois autores dedicam muitas páginas e um lugar central nas respectivas obras ao intrigante fenômeno neurológico dos membros-fantasmas (e a maneira ainda mais intrigante de tratá-lo, com uma caixa de espelhos). Pessoas amputadas não só podem manter a percepção de membros perdidos como experimentar sensações concretas nele, por exemplo coceira e dores lancinantes. (Um terceiro livro, "Proust Foi um Neurocientista - Como a Arte Antecipa a Ciência", do jornalista americano Jonah Lehrer, também se debruça sobre essas e outras fantasmagorias, como a concepção de memória do escritor francês, e propicia leitura bem mais leve.)
Seria um fiasco tentar reproduzir aqui, em poucas linhas, a complexidade do distúrbio e da cura; além disso, iria desmanchar parte do prazer do leitor de Nicolelis e Damásio. Basta dizer que os membros-fantasmas dão testemunho da refinada capacidade do cérebro de mapear e monitorar, a todo instante, estado e posição de cada parte do corpo. Mais ainda, uma capacidade de sintetizar a miríade de sensações e informações que permitirá a emergência evolutiva de um "self" e depois de um "eu autobiográfico".
Em biologia, recorda Damásio, não existe lugar para dicotomias como corpo/mente. Há que entender o contínuo de complexidade que evolui dos automatismos do sistema nervoso de uma medusa e passa por vários graus de "senciência" (como diria o bioeticista Peter Singer) até a barroca mescla de imagens, memórias e conceitos que caracteriza a consciência.
Na sua versão completa, esta faculdade superior só existe em humanos, mas é fácil reconhecer seus componentes e precursores em outros primatas, cães e golfinhos, entre outros.

CORPO X MENTE Na base de todos os fenômenos mentais está a sobrevivência, ou o que o pesquisador português chama de regulação homeostática (equilíbrio do organismo com o meio). Neurônios são células especiais, porque seu metabolismo propicia reter, transmitir e processar informação, mas nem por isso deixam de ser células e de ter metabolismo. A mente só faz sentido e só pode funcionar na companhia de um corpo que sente, reage e atua. O valor fundamental é biológico; mesmo quando a consciência e a cultura emergem, sua meta é a de uma vida melhor (ou deveria ser).
O bonito da obra de Damásio está em apontar o correlato dessa perspectiva unicista -cuja inspiração ele busca em Baruch Spinoza [1632-1677], contra René Descartes [1596-1650]- na própria anatomia conectiva do cérebro e na arquitetura da mente, que para ele remontam ao mesmo. O pensamento nasce ele próprio corporal, fibroso.
O "self" mais primitivo se compõe de meras "disposições", aquilo que o corpo sente na presença de certos objetos e situações, disposições essas integradas por meios das estruturas mais antigas do cérebro, como o tronco cerebral e o hipotálamo. A elas vão se somando, sobretudo na evolução dos mamíferos, funções mais complexas como imagens (representações detalhadas de objetos por redes de neurônios no córtex cerebral), sentimentos (representações de emoções) e memória (recuperação de representações), às quais Damásio vai correlacionando estruturas e redes de estruturas encefálicas.

MARCAS INESQUECÍVEIS Surge para os olhos da mente do leitor, aos poucos, um modelo -complicado e conjectural, mas um modelo- sobre como opera seu próprio cérebro. Nesse modelo, o "eu" mais primitivo das disposições não desaparece nem é relegado a funções subalternas.
Ao contrário, constitui uma peça-chave na capacidade de recuperar memórias e integrá-las na narrativa coerente, ou quase, que articula o que se poderia chamar de "eu consciente" (ou autobiográfico). Sem esse "self nuclear", seríamos incapazes de orientar nossa conduta no mundo com base num conjunto de imagens interiores.
Para Damásio, as emoções mais fundamentais associadas com os objetos e acontecimentos permanecem como as marcas que permitem reativar os circuitos de neurônios corticais que representam esses objetos e acontecimentos. O fio da meada, por assim dizer. É mais prudente aqui dar a palavra ao próprio autor, sob pena de empobrecer sua prosa esclarecedora:
"[...] as fundações do processo de consciência são os processos inconscientes a cargo da regulação da vida -as disposições cegas que regulam funções metabólicas e estão alojadas nos núcleos do tronco cerebral e do hipotálamo; as disposições que oferecem recompensa e punição e promovem impulsos, motivações e emoções; e o aparato mapeador que fabrica imagens, na percepção e na recordação, e que pode selecionar e editar tais imagens no filme conhecido como mente. A consciência é só a última a chegar para o gerenciamento da vida, mas leva todo o jogo uma etapa adiante. Espertamente, ela mantém os velhos truques à mão e deixa que eles façam o trabalho mais pesado".
Nesta altura, com a entrada em cena do tema do inconsciente, o leitor já estará pensando em Sigmund Freud ou no tópico não menos abrasador da responsabilidade moral. Não são poucos os que, movidos talvez pela dificuldade de manter as rédeas do próprio "self", cedem à compulsão de gritar "fogo" no inseguro edifício civilizatório, quer dizer, arriscam lançar a questão subversiva: se o que tomamos por decisões e comportamentos conscientes são no fundo ditados por disposições inconscientes, como exigir a responsabilização de qualquer sujeito por seus atos?

ILUSÃO DE ÉTICA Damásio não foge da dificuldade, e sua resposta vem dura e brilhante: a consciência não é um epifenômeno inútil ou manifestação ilusória da complexidade cerebral. Quem assim pensa se esquece de que o aparente automatismo das disposições inconscientes é também ele produzido e canalizado pelo histórico de decisões, emoções e ações que constituem o eu autobiográfico.
"Comportamentos morais são um conjunto de habilidades adquirido no curso de repetidas sessões de prática e ao longo de muito tempo, informado por princípios e razões conscientemente articulados e, no mais, inscrito como 'segunda natureza' no inconsciente cognitivo", ensina o autor.
Estamos aqui, já se vê, muito além das máquinas e dos determinismos -de volta à intricada anatomia do ego. Embora Nicolelis também extraia da neurociência uma mensagem de libertação e transcendência, ele a terceiriza para a tecnologia: máquinas conectadas ao cérebro rebentarão os grilhões que ainda ancoram o humano no animal.
Apesar de todo o seu patriotismo progressista e futebolístico, Nicolelis resulta pouco brasileiro na sua expectativa prometeica e tecnocientífica. O Brasil, mais afeito aos atalhos do jeitinho do que à disciplina laboriosa do conhecimento sistemático, precisa de mais cientistas e divulgadores como ele ou Marcelo Gleiser. Gente capaz de pôr na ordem do dia e no imaginário das pessoas, pela força do exemplo de sucesso no exterior, coisas tão complexas quanto a neurofisiologia e a física.
A neurociência propriamente dita, de sua parte, carece mais de figuras ousadas como o muito português Damásio. Este nos desafia a novos descobrimentos e convoca à aventura de buscar a libertação "da tirania das respostas imediatas" do cérebro com auxílio do maior legado da natureza para a humanidade: "Talvez a capacidade de navegar o futuro nas águas de nossa imaginação, guiando a embarcação do 'self' para um porto seguro e produtivo".

A concepção do cérebro não compartimentado e plástico serve a um propósito pragmático: promover o programa de pesquisa de Nicolelis como a revolução que (ainda não) é

Damásio prefere andar para trás, no passo da evolução por seleção natural, o que lhe permite alcançar explicações a um só tempo mais modestas e mais portentosas

O Brasil, mais afeito aos atalhos do jeitinho do que à disciplina do conhecimento sistemático, precisa de mais cientistas e divulgadores como Nicolelis ou Gleiser

A neurociência mais carece de figuras ousadas como Damásio, que nos desafia a novos descobrimentos e a buscar a libertação "da tirania das respostas imediatas" do cérebro

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Alimentação Saudável


Segue link para a página interna do BC Salvador com informações e receitas para uma alimentação saudável, apresentada durante Café da Manhã da Semana de Saúde do BC Salvador.

Alimentação Saudável

Vale a pena conferir!

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Programa de remédio grátis vai estourar orçamento


Valor 15/09

A política federal de distribuição gratuita de 11 medicamentos para diabetes e hipertensão batizada de "Saúde não tem Preço", primeira grande iniciativa da gestão Dilma Rousseff no setor, lançada no início do ano dentro do programa Farmácia Popular, consumiu R$ 317 milhões até agosto e pode estourar o orçamento previsto para 2011, de R$ 470 milhões, no momento o país discute a busca por novas fontes de financiamento para a saúde. O Ministério da Saúde já fez um pedido de crédito adicional de R$ 180 milhões.

Considerado um sucesso pelo governo e pela indústria farmacêutica brasileira - que reduziu sua margem de lucro em 10% para fornecer os medicamentos ao poder público -, o "Saúde não tem Preço" triplicou o acesso da população às 11 drogas contra hipertensão e diabetes, disponíveis na rede do Sistema Único de Saúde (SUS) e em 19 mil farmácias credenciadas. De acordo com o Ministério da Saúde, 853 mil pacientes de hipertensão e diabetes foram atendidos, e em agosto, 2,7 milhões retiraram os medicamentos, que só são entregues mediante apresentação do CPF, documento com foto e receita médica, para evitar a automedicação.

Se de setembro a dezembro o crescimento médio mensal dos gastos com o programa repetir a alta média de 19,41% verificada de janeiro a agosto, o Ministério da Saúde precisará de R$ 222 milhões para continuar oferecendo medicamentos gratuitos para a população. "O governo agora terá que administrar o sucesso e para isso vai precisar de dinheiro novo. Eu brincava lá atrás, em janeiro, que o programa corria o risco de dar certo, o que implicaria duas pressões: uma orçamentária e outra de parte da população não beneficiada começando a se perguntar por que apenas remédios para diabetes e hipertensão são grátis", diz Antônio Britto, presidente-executivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma).

Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde destacou que não faltarão recursos. Três opções são avaliadas para preencher o buraco que se desenha: remanejamento orçamentário interno, autorização para aumento de gastos de R$ 47,5 milhões já protocolada no Ministério do Planejamento e pedido de crédito extraordinário de R$ 180 milhões à Presidência da República. A última demanda depende de aprovação do Congresso para que um decreto valide a expansão da despesa.

Britto sugere a desoneração do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) dos medicamentos do Farmácia Popular para que a indústria possa reduzir preços e aliviar as contas do governo. "Não faz sentido cobrar 18% de ICMS de um produto que está sendo dado de graça. Já solicitamos formalmente que o ministro Alexandre Padilha lidere a negociação com os governadores. Estamos aguardando." Outra demanda da indústria é ampliar a lista de medicamentos gratuitos. "Mas esse assunto está fora da pauta do ministério, que está mais preocupado com os gastos atuais do que com os futuros", complementa Britto.

A hipertensão arterial atinge 23,3% da população adulta brasileira (maiores de 18 anos), enquanto 6,3% da população adulta do país sofre de diabetes. Desde o lançamento da distribuição gratuita desses dois medicamentos, governo e indústria estudam ampliar a gratuidade para remédios contra outras doenças que afetam milhões de brasileiros, como colesterol (20% da população adulta) e artrite (15 milhões de pessoas).

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Longevidade e idade de aposentadoria


A mensagem abaixo se destina àqueles que querem ganhar um pouquinho mais (p.ex., devolução da contribuição previdenciária para permanecer na ativa, tipo funcionários do BC, etc.). Eu já “pulei fora”, pois, prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém!!!
walkerrm@uol.com.br

Longevidade e idade de aposentadoria




Os fundos de pensão em muitas grandes empresas (por exemplo, a Boeing, Lockheed Martin, a AT & T, Lucent Technologies, etc) foram beneficiados, porque muitos que se aposentaram tarde e que continuaram trabalhando em sua velhice, dormindo tarde, após a idade de 65, morreram dois anos após a sua aposentadoria. Em outras palavras, muitos destes aposentados não viveram tempo suficiente para receber em benefícios as suas contribuições ao fundo de pensão, de tal forma que deixaram um superávit financeiro não utilizado nos fundos de pensão, para financiamento de terceiros.

O Dr. Efrém (Siao Chung) Cheng coletou resultados importantes no quadro 1 a partir de um estudo atuarial da expectativa de vida versus a idade de aposentadoria. O estudo foi baseado no número de cheques de pensão enviados aos aposentados da Boeing Aerospace



Tabela 1 - Estudo Atuarial do tempo de vida versus a idade de aposentadoria

Idade  na    Aposentadoria                  Idade mediana dos óbitos

                49.9                                                      86

                51.2                                                      85.3

                52.5                                                      84.6

                53.8                                                      83.9

                55.1                                                      83.2

                56.4                                                      82.5

                57.2                                                      81.4

                58.3                                                      80

                59.2                                                     78.5

                60.1                                                     76.8

                61                                                        74.5

               62.1                                                      71.8

               63.1                                                      69.3

               64.1                                                      67.9

              65.2                                                       66.8



A Tabela 1 indica que para os reformados com a idade de 50 anos, sua expectativa de vida média é de 86, e que para os reformados com a idade de 65 anos, sua expectativa de vida média é de apenas 66,8. Uma conclusão importante deste estudo é que a cada ano se trabalha para além dos 55 anos, perde-se 2 anos de vida útil, em média.

A experiência Boeing é que os funcionários se aposentando em 65 anos de idade recebem cheques de pensão para apenas 18 meses, em média, antes da morte. Da mesma forma, a experiência Lockheed é que os funcionários que se aposentaram com 65 anos de idade recebem cheques de pensão por apenas 17 meses, em média, antes da morte.

O Dr. David T. Chai indicou que na Bell Labs a experiência é similar às da Boeing e Lockheed, baseada na observação casual do Newsletters de aposentados da Bell Lab. Um aposentado da Ford Motor disse ao Dr. Paul Lin Tien-Ho que a experiência da Ford Motor também é semelhante aos dos Boeing e Lockheed.



As estatísticas mostradas no Seminário de Pré-Aposentadoria na Telcordia (Bellcore) indicam que a idade média de aposentadoria de seus empregados começa a partir de 57 anos e que as pessoas que se aposentam na idade de 65 anos ou mais são minoria em comparação aos demais.



Os que trabalham até tarde, provavelmente, colocam muito estresse no envelhecimento do corpo e da mente, de tal forma que eles desenvolvem vários problemas de saúde graves e morrem dentro de dois anos depois que se aposentam.



Por outro lado, pessoas que tomam aposentadorias precoces na idade de 55 tendem a viver muito e bem em seus anos 80 e além. Estes aposentados anteriormente provavelmente são ou de situação fiananceira estável ou com maior capacidade de planejar e gerir outros aspectos de sua vida, saúde e carreira, de tal forma que eles podem dar ao luxo de se aposentar mais cedo e confortável.



Estes aposentados precoces não estão realmente em marcha lenta, mas continuam fazendo algum trabalho. A diferença é que eles têm o luxo de escolher os tipos de trabalho de tempo parcial e o fazem num ritmo mais prazeroso, para que não fiquem muito estressados.



Os que se aposentam muito tarde são em pequeno número e tendem a morrer rapidamente após a aposentadoria. Eles são minoria na estatística de expectativa de vida média da população de "velhos", dominada pelos que se aposentam mais cedo.



A maioria dos japoneses se aposentam com a idade de 60 anos ou menos e isto pode ser um dos fatores que contribuem para o longo período médio de vida do povo idoso japonês.


4. Conclusão e Recomendações



O melhor período criativo e inovador da vida profissional é a partir da idade de 32 e dura aproximadamente 10 anos. Planeje sua carreira para usar esse período precioso, sábia e eficazmente, para produzir suas maiores realizações na vida.


O ritmo de inovações e avanços da tecnologia está ficando cada vez mais rápido e está forçando todos a competir ferozmente com a velocidade da informação na Internet. O local de trabalho, altamente produtivo e eficiente nos EUA é uma panela de pressão e um campo de batalha de alta velocidade, ideal para a capacidade altamente criativa e dinâmica dos jovens dispostos a competir e prosperar.



No entanto, quando você envelhece, você deve planejar sua carreira e situação financeira para que você possa se aposentar confortavelmente com a idade de 55 ou mais cedo, a fim de desfrutar do seu tempo de vida saudável, com felicidade e estabilidade, com uma expectativa além dos 80 anos. Na aposentadoria, você ainda pode desfrutar de um trabalho divertido, de grande interesse para você e de grandes valores para a sociedade e para a comunidade, mas num ritmo prazeroso, num tempo parcial e em seu próprio termo e ritmo.



Por outro lado, se você não for capaz de sair da panela de pressão ou do campo de batalha da alta velocidade com a idade de 55 e "ter" que continuar a trabalhar muito duro até a idade de 65 anos ou mais, antes de sua aposentadoria, então você provavelmente vai aproveitar muito pouco sua aposentadoria. Trabalhando muito duro na panela de pressão por mais 10 anos além da idade de 55 anos, você desistirá de pelo menos 20 anos de sua vida útil, em média.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Jovens fogem da pediatria para manter qualidade de vida


Acordar no meio da noite com o telefonema de um paciente em situação de emergência não é o que a maioria dos jovens médicos brasileiros deseja. Boa parte dos recém-formados quer ter qualidade de vida, o que inclui longas horas de sono e um horário de trabalho mais previsível. "Eles não querem estar disponíveis o tempo todo", afirma José Bonamigo, representante da Associação Médica Brasileira na Comissão Nacional de Residência Médica.

Com a proliferação dos celulares e smartphones, os médicos hoje são encontrados a qualquer hora e lugar. Desse modo, algumas especialidades em que a disponibilidade é necessária praticamente 24 horas por dia estão em baixa. É o caso das áreas de ginecologia/obstetrícia e de pediatria. "Quando analisamos os testes de admissão de residência médica, vemos claramente as áreas preferidas", diz Bonamigo.

César Eduardo Fernandes, presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp), afirma que a procura pelo título de ginecologista e obstetra caiu cerca de 10% desde 2000. "Não dá para exigir do médico que, depois de seis anos de faculdade e mais três de residência, ele opte por uma profissão árdua como a nossa. Ou seja, que requer plena disponibilidade ao paciente, para ganhar o que pagam os convênios", reclama Fernandes, formado há 36 anos.

A maior parte paga entre R$ 25 e R$ 45 a consulta- valores brutos. O montante é o mesmo para todas as especialidades, mas algumas usam mais exames com auxílio da tecnologia e de pequenos procedimentos cirúrgicos, o que melhora a remuneração do médico.

Não é o caso da pediatria. Por ser uma atividade essencialmente clínica, os profissionais dessa especialidade recebem apenas o valor da consulta, sem nenhum adicional. A remuneração baixa aliada ao fato de eles precisarem manter o telefone ligado em tempo integral para atender mães desesperadas, traz como consequência a diminuição no número de jovens pediatras.

Levantamento feito pela Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP) mostra que, desde 1999, houve uma queda de 55% no número de recém-formados em busca dessa especialidade no Estado. "É preciso manter uma relação muito próxima com o paciente e sua família. Nem todos os profissionais estão dispostos a fazer isso ganhando tão pouco", afirma Clóvis Francisco Constantino, presidente da SPSP.

Formada em medicina em 2004, Fernanda Penha ficou em dúvida, durante a faculdade, se trabalharia com cirurgia ou endocrinologia pediátrica. Optou pela segunda. "Eu queria acompanhar o desenvolvimento dos meus pacientes e isso não acontece na cirurgia", diz. Como os procedimentos cirúrgicos são mais bem remunerados do que as consultas, os ganhos de um cirurgião pediátrico são quase três vezes maiores que os de Fernanda, embora o tempo de estudo requerido seja o mesmo.

Para manter um salário satisfatório, ela precisa trabalhar em sete lugares entre consultório particular, clínicas, hospitais públicos e privados. Em seu consultório, aberto há três anos, não aceita convênio. Fernanda atende seus pacientes em três períodos da semana - duas tardes e uma manhã. "Demora para se conseguir um número bom de pacientes e preencher todos os horários. Espero conseguir atender só no meu consultório em até sete anos."

Na outra ponta da lista, a das especialidades preferidas dos residentes, estão as que remuneram melhor, como as relacionadas à estética. Além de serem bastante demandadas no mercado, elas requerem mais exames. Entre elas estão a dermatologia, a cirurgia plástica e a endocrinologia. "Nessas especialidades, é possível trabalhar apenas no horário comercial", diz Bonamigo.

Luciana Maluf, 33 anos, optou pela dermatologia por gostar da profissão e por ser uma área dentro da medicina que lhe permitiria manter uma boa qualidade de vida. "Penso em ter filhos e queria algo que me possibilitasse ter um horário mais normal de trabalho", ressalta. "Além disso, sei que não conseguiria ser feliz na profissão caso minhas noites de sono fossem constantemente interrompidas."

Depois de seis anos de faculdade, dois de residência em clínica médica e mais três de especialização, Luciana já consegue ter uma rotina de trabalho, o que não significa pouca dedicação. A médica atende em dois consultórios, um hospital e ainda atua como médica assistente na Faculdade de Medicina do ABC.

A dermatologia é campeã na preferência dos jovens que fazem o exame de residência médica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP), o maior do país. Dos dez mil inscritos em 2010, 710 optaram por essa especialidade. A cirurgia plástica também aparece bem classificada, com 290 inscritos. Dentre as especialidades cirúrgicas, esta é a mais procurada, segundo Irene Abramovich, coordenadora da residência médica da SES-SP.

A procura pelo título de especialista em endocrinologia também disparou- aumentou 50% nos últimos dez anos, segundo Francisco Bandeira, presidente da Comissão de Título de Especialista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia. "Esta é uma das poucas especialidades que tem 100% de preenchimento em suas vagas de residência médica", diz Bandeira. Na opinião dele, isso acontece porque as doenças endócrinas como o diabetes são comuns e o número de endocrinologistas ainda é insuficiente.

Bonamigo ressalta que a epidemia de obesidade que o país enfrenta também contribui para manter a agenda lotada desses profissionais, que são muito procurados para a realização de cirurgias de redução de estômago.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Abra os olhos com exames médicos periódicos


Rionet

Fiquei muito satisfeito com a prontidão para atendimento médico oftalmológico na Oftalmed estes dias. Liguei às 19h:30 de um dia e já às 07:30h do dia seguinte estava fazendo o meu exame periódico na Clinica indicada por uma guia do Bacen.
Saí com uma receita de óculos mas o médico me pediu que não a processasse antes de fazer outros exames na mesma clínica. Fui então encaminhado a uma bateria de exames, agora pelo convênio, que durou até às 13:30h. Avisei que ia chegar tarde pois haviam centenas de pacientes.
Em princípio, fiquei até contente porque fui submetido a tantos exames novos que entendi que seriam bem completos e decisivos. No final, o médico que me atendeu disse que eu tinha que fazer uma cirurgia do cristalino e já marcou até data e me informou o valor de R$9.000,00 que teria que pagar. Em princípio, não queriam me dar os exames efetuados pois informaram que seriam necessários para a cirurgia mas exigi um laudo e sai com ele. Como o assunto era novo para mim, voltei ao nosso atendimento médico aqui no Bacen e pedi algumas explicações e me foi recomendado fazer um exame numa outra clínica.
Fiz então na Clínica Paccini, no final do dia aonde fui muito bem atendido e descartaram qualquer necessidade de intervenção cirúrgica. Fui até elogiado como o “melhor paciente” do dia. Nesse momento, mostrei os resultados do outro laboratório conveniado para o exame periódico. Eles mantiveram o diagnóstico de que eu não tinha nada para justificar uma eventual cirurgia. Até a receita de eventuais óculos eram diferentes entre si.
Assim, em vista de resultados tão discrepantes só posso sugerir que em medicina de maior complexidade e interferência tecnológica é sempre bom ter duas (ou três) opiniões, mesmo que apenas uma clínica tenha sido licenciada para o atendimento periódico.


Julio Leite Cardoso – PGBCB – Brasília

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Baixa umidade do ar pode causar ou agravar as doenças respiratórias

RIONET
Para a OMS, o ar deve ter 40% a 60% de umidade para que se possa respirar bem. A falta de chuva nesta época, porém, faz com que a umidade relativa do ar caia muito e a poluição aumente. Isso resseca as vias respiratórias e reduz o muco que as recobre e protege, abrindo espaço tanto para o surgimento quanto para o agravamento de doenças como rinite, sinusite e bronquite.

Como ocorre quase todo ano no inverno e começo da primavera, a mídia tem dado muito destaque à baixa umidade do ar em algumas áreas do Brasil, como São Paulo e Brasília. O fenômeno não apenas favorece o surgimento de grande número de incêndios País afora, com prejuízos para o meio ambiente, como também coloca a saúde da população em risco.

A umidade do ar, vale relembrar, representa quanto de água na forma de vapor há na atmosfera em um determinado momento em relação ao total máximo que poderia haver, na temperatura observada. Umidade relativa de 50%, por exemplo, significa que faltam 50% para atingir a capacidade de retenção total de vapor de água no ar.

O ideal, para se respirar com conforto, é um índice entre 40% e 60% — nem seco nem úmido demais, que também pode ser prejudicial à saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que se declare “estado de atenção” quando a umidade relativa do ar está em 30% a 20%. Já o “estado de alerta” deve ser decretado quando fica entre 20% e 12%. E o “estado de emergência”, finalmente, deve ser decretado se a umidade cai a 12% ou menos.

O ar seco por longos períodos, como se sabe, dificulta a dispersão dos poluentes. Nas cidades grandes, sobretudo, a situação fica difícil. A população pode ter ressecamento na pele e na boca, tosse seca, falta de ar, vermelhidão nos olhos, irritação na garganta e cansaço.

O clima seco e poluído tanto pode causar quanto piorar as doenças do aparelho respiratório, como rinite, sinusite, asma e bronquite. Isso pelo fato de ressecar as vias respiratórias e reduzir o muco que recobre sua mucosa, o que favorece a proliferação de vírus e bactérias e, portanto, as infecções. Todos sofrem, claro, mas sobretudo as crianças, cujo sistema imunológico ainda está em formação; os idosos, cujas defesas orgânicas estão em declínio; e imunodeprimidos em geral. Já o ressecamento da pele pode tanto provocar quanto agravar a psoríase, que se caracteriza pelo surgimento de placas avermelhadas, secas e descamativas no órgão. E o ressecamento dos olhos, naturalmente, pode agravar a situação dos portadores de olho seco.

Felizmente, é possível evitar problemas em períodos de baixa umidade relativa do ar com algumas medidas básicas. Hidrate-se bem, tomando pelo menos 2 litros de água, água de coco ou bebidas isotônicas por dia. Esteja atento para que idosos e crianças que vivem com você não se descuidem da hidratação. Coloque uma bacia com água em casa para umedecer o ambiente. Abra diariamente as janelas para ventilar a casa e entrar um pouco de sol. Não use carpete nem tapetes no quarto de dormir, que acumulam poeira, ácaros e fungos. Hidrate o nariz à vontade com soro fisiológico na concentração 0,9% de cloreto de sódio. Evite atividades ao ar livre e exercícios físicos entre as 10h00 às 16h00. Use creme hidratante e protetor solar todo dia.

Pessoas que apresentam as vias respiratórias ressecadas, sangramento nasal e cansaço por mais de dois dias, enfim, devem consultar um médico otorrinolaringologista. Também quem teve uma doença respiratória agravada precisa buscar ajuda do especialista. Ele os instruirá sobre como aliviar os incômodos e evitar o aparecimento e/ou o agravamento das moléstias citadas.
_______________
Gilberto Sitchin (CRM 72897), médico otorrinolaringologista na capital paulista,
integra o corpo clínico do Hospital e Maternidade São Luiz (SP)

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Medicamentos gratuitos

JBDELA



Conheça os medicamentos que o governo fornece gratuitamente, DESDE 16 de Fevereiro de 2011, para quem faça uso.

Basta levar receita, CPF e Identidade a qualquer Farmácia Popular.

Há remédios para anticoncepção, asma, diabetes, doença de Parkinson, glaucoma, hipertensão, osteoporose, rinite e outros. ESTÃO DISPONÍVEIS A TODA POPULAÇÃO.

Consulte a lista no link: Medicamentos



ESTE É UM DIREITO DE TODOS, NÃO IMPORTANDO A CLASSE SOCIAL E/OU PODER AQUISITIVO.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Indicação endocrinologista

Indico Dra. Cristiana - (61) 3346-6504.

luciano.ferreira

sexta-feira, 29 de julho de 2011

ALERGISTA

Médico alergista:Indico o Dr. Alexandre Ayres, telefone 3328-2481.
O consultório fica no Brasilia Rádio Center.
Maria José

quarta-feira, 27 de julho de 2011

REMEDIOS SITE DE BUSCA

Basta digitar o nome do remédio desejado no site abaixo, obtendo-se também os genéricos e similares de todas as marcas, com os respectivos preços em todo o Território Nacional. http://www.consultaremedios.com.br/

Cont. JBDELA - Criado link ao lado para acesso por este blog.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Conselho de Medicina rejeita cirurgia polêmica de redução do estômago

RIONET
Instância máxima do CFM decide contra a inclusão da técnica na lista de procedimentos regulamentados pelo órgão; cirurgia, que promete curar diabete, foi aplicada no apresentador Fausto Silva com sucesso, mas há pacientes com sequelas graves


Em decisão consensual, o pleno do Conselho Federal de Medicina (CFM) - instância máxima da entidade - rejeitou incluir na lista dos procedimentos regulamentados pelo órgão a cirurgia de redução de estômago criada pelo médico Áureo Ludovico de Paula. Considerada experimental, a técnica promete curar a diabete.
A cirurgia - chamada gastrectomia vertical com interposição de íleo - ficou conhecida em 2009 depois que o apresentador Fausto Silva declarou em seu programa que havia se submetido a uma operação de redução de estômago para perder peso e curar a diabete. À época, foi divulgado que a técnica não era regulamentada e, por isso, não poderia ter sido realizada.
A decisão põe um ponto final na discussão em torno do assunto, pelo menos até que sejam apresentados estudos que comprovem sua eficácia e segurança. Por enquanto, a técnica está proibida (mais informações nesta página). "Consideramos que a gastrectomia vertical com interposição de íleo precisa de mais estudos para ser autorizada", disse Roberto d"Ávila, presidente do CFM. Segundo o Ministério Público Federal, ao menos dez pacientes submetidos à técnica tiveram sequelas graves.

Debate antigo. O pedido de regulamentação dessa técnica vinha sendo debatido dentro do CFM desde o fim de 2009, quando o órgão criou uma câmara técnica de cirurgia bariátrica, que deveria fazer estudos sobre essa e outras novas técnicas de cirurgia e apresentar um parecer. Esse parecer serviria de base para assessorar os 28 membros do pleno, formado por 27 conselheiros do CFM e um representante da Associação Médica Brasileira (AMB), quando o assunto fosse colocado em votação.
A câmara técnica é formada por sete membros: seis cirurgiões e um endocrinologista. Mas nem mesmo entre eles houve um consenso sobre a eficácia e a segurança da cirurgia. O relatório final, concluído em maio de 2010 e apresentado para votação na última reunião do pleno, propunha que o CFM considerasse como procedimentos aceitos a gastrectomia vertical com interposição de íleo ( aplicada em Fausto Silva) e a gastrectomia vertical associada à bipartição do trânsito ileal, menos conhecida.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

ODONTOPEDIATRIA

Indico o Dr. José Afonso Zerbini Junior, da Clínica Uniface, localizada no Conjunto Nacional, sala 5003 – Tel: 3326-3410. Ele é muito paciente com crianças e tem toda uma técnica para deixá-las bem à vontade.

Att.,
Ana Paula Carvalho

sexta-feira, 15 de julho de 2011

RECEITA DERRUBA VENDAS


A exigência de receita médica para a compra de antibióticos no Brasil reduziu significantemente os volumes de venda desses medicamentos entre dezembro e maio. A queda é da ordem de 27%, considerando a média mensal comparada a novembro, último mês antes da entrada em vigor da medida da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que aconteceu no dia 28 daquele mês. O levantamento foi feito pelo Sindusfarma (Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos do Estado de São Paulo), a pedido do Valor, com base nos 50 principais antibióticos consumidos no país.

O maior pico de recuo nas vendas foi de 34% em fevereiro, pelo levantamento feito pelo Sindusfarma. "Foi nesse período que o governo começou a intensificar a campanha para divulgar a medida", afirmou Nelson Mussolini, diretor-executivo da entidade. "Nossa expectativa é de que as vendas comecem a se recuperar nos próximos meses", disse.

A queda nas vendas se acentua ainda mais se considerados apenas os três principais antibióticos - amoxicilina, cefalexina, azitromicina -, superando os 40%, de acordo com levantamento feito pela Anvisa, a pedido do Valor.

O segmento de antibióticos no Brasil movimenta, por ano, cerca de R$ 2,1 bilhões, segundo o Sindusfarma, com base nos dados da consultoria IMS Health.

Segundo Mussolini, os produtos de marcas fortes no mercado foram os mais prejudicados, em um primeiro momento, com essa decisão. "O impacto foi maior porque o consumidor era adepto da compra espontânea", disse.

O combate à automedicação, inerente a boa parte dos brasileiros, foi um dos principais fatores levantados pela Anvisa para impor a resolução. "Outro ponto importante é evitar a resistência aos microbianos", disse Carmem Oliveira, gerente-geral em tecnologia da saúde da Anvisa. "O uso irracional de certos medicamentos promove resistência a certos princípios ativos", avisa.

Embora não haja um levantamento oficial do impacto da medida nas vendas do varejo farmacêutico, laboratórios e redes de farmácia consultadas pelo Valor já sentem, na prática, o peso da resolução da Anvisa no caixa.

A EMS, um dos maiores laboratórios nacionais de medicamentos genéricos do país, confirma o que os levantamentos informais indicam. "O recuo é mais acentuado em genéricos. Houve redução sim, mas não temos dados exatos", afirmou Waldir Eschberger, vice-presidente de mercado da farmacêutica nacional. "Respeitamos a decisão da Anvisa. Diminui a automedicação, mas acho que tem um lado negativo, que é a interrupção da continuidade do tratamento para pacientes que não possuem plano de saúde privado", disse. Segundo ele, como a marcação de consultas pelo SUS (Sistema Único de Saúde) é mais demorada, se comparada com os planos privados, muitos pacientes deixam de ir ao médico para dar continuidade ao tratamento.

Francisco Deusmar de Queirós, fundador da rede Pague Menos, a maior do país, também não tem números oficiais, mas afirmou que as vendas desses medicamentos em sua rede caiu, em média, cerca de 25%.
A Anvisa observou que a obrigatoriedade de exigência da receita ocorre desde os anos 1970. No ano passado, a agência publicou medida mais restritivas para fazer valer a lei, a RDC nº 20/2011. Por essa resolução, a segunda via da receita fica retida na farmácia e a primeira via volta para o paciente, mas carimbada para evitar que seja usada novamente. O prazo de validade dessa receita é de dez dias, a partir da data da prescrição. Por lei, também foram estabelecidas adequações de embalagem e bula desses produtos que ainda não estão em vigor.

Segundo Mussolini, os laboratórios são a favor dessa resolução por dar segurança à farmácia e às indústrias. "O medicamento é utilizado exatamente da forma como o laboratório e o médico preconizaram", afirmou.

Procurado pelo Valor, Sérgio Mena Barreto, presidente da Abrafarma (Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias), informou que suas associadas não possuem um balanço oficial da queda das vendas desse medicamento. As redes Drogaria São Paulo e Droga Raia também foram procuradas, mas preferiram não comentar o efeito da resolução nas vendas de seus estabelecimentos.

Mas com "Jeitinho"....

Boa noite. Tem amoxicilina?

- Amoxicilina? Para criança ou para adulto? Você tem receita?

- Humm... Não tenho....

- É que agora para esses remédios [antibióticos] precisa receita. Você sabe a dosagem? Vou tentar te ajudar.

- Não sei a dosagem... É para criança de 2 anos.

- Vou te indicar o de 250 mg [sai e busca o remédio]. Esse é suficiente para 10 dias.

- Muito obrigada!

O diálogo acima ocorreu na segunda-feira, dia 11, por volta das 21h, entre a reportagem e um balconista de uma farmácia independente na Zona Oeste de São Paulo. O Valor procurou outras quatro drogarias, mas não conseguiu comprar o medicamento sem receita. O objetivo foi mostrar que, apesar da exigência estar em vigor há mais de sete meses, ainda é possível furar o bloqueio e burlar a lei.

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) informou que o estabelecimento que descumprir a exigência de pedir a receita para a venda do antibiótico sofrerá punição, que vai desde advertência, interdição e multa - de R$ 2 mil a R$ 1,5 milhão. Esses valores variam de acordo com o porte da empresa e a apuração da infração. A venda de medicamento controlado exige uma autorização específica para a farmácia ou drogaria. Ou seja, nem toda farmácia pode comercializar medicamento controlado. O país conta com cerca de 62 mil farmácias. As 26 maiores redes nacionais respondem por 6% do total de estabelecimentos.

A fiscalização nas farmácias em todo país é realizada pelas vigilâncias sanitárias locais. Segundo a Anvisa, denúncias de venda irregular podem ser feitas a essas vigilâncias locais ou à própria agência pelo telefone 0800- 642-9782. (MS)