quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Ginástica laboral ajuda a diminuir faltas e a aumentar lucros




No BCB, com apoio da Asbac/DF, um programa de Ginástica Laboral está em funcionamento!


Cresce número de empresas que apostam nas atividades físicas e terapias.

É possível contratar serviço por custo a partir de R$ 800 mensal.

Uma parada de pouco mais de dez minutos para que os funcionários façam exercícios de alongamento e relaxamento pode ajudar as empresas a aumentarem seus lucros. Cresce no Brasil o número de pequenas empresas que apostam nas atividades físicas e terapias como forma de melhorar a concentração e aumentar a produtividade dos colaboradores.

A ginástica laboral consiste em contratar um profissional para fazer exercícios com os funcionários durante o expediente. De repente, no meio do trabalho, todos param o que estão fazendo para se esticar, mexer o pescoço, quadril, coluna e pernas.

“Agora nós estamos passando por uma fase muito positiva, as empresas estão procurando prestadores de serviços mais organizados, para atender essa demanda do mercado, mas de forma organizada de forma profissional”, diz Valquíria de Lima, da Associação Brasileira de Ginástica Laboral.

Baixo investimento inicial

A empresária Sílvia Marques, que também é professora de educação física, entrou nesse segmento em 2007, com investimento inicial praticamente nulo. Ela montou um escritório na própria casa e usou a estrutura e o computador que já tinha. Para ela, o capital humano é primordial nessa atividade.

“A gente tem que buscar os profissionais no mercado capacitados ou não. Se não estão capacitados, a gente vai capacitá-los para que possam estar atuando com qualidade dentro da empresa”, revela.

O preço varia de R$ 800 a mais de R$ 10 mil por mês, conforme a quantidade de professores e o número aulas.

“Os programas de ginástica laboral são contratos anuais com renovações automáticas e isso dá certa segurança, não só pra gente como empresa, mas também para o próprio contratante, para que ele tenha a noção do que está tendo de resultado, porque um contrato pequeno ele não vai conseguir ver o resultado do programa”, diz Sílvia.

O professor Rodrigo Ferreira vai duas vezes por semana a uma empresa de informática fazer exercícios com a equipe de trabalho. Uma de suas funções é fazer a correção da postura dos funcionários.

Ele orienta, por exemplo, as mulheres a evitarem sentar com a perna cruzada. “A gente pede também para afastar [as pernas], até pra facilitar o processo de circulação”, diz o professor. Na sequência, vêm os exercícios. A sessão dura 12 minutos e os funcionários trabalham a região do pesçoco, mãos, pernas e, principalmente, coluna.

“A gente fica bastante sentado, então acaba sentindo dor sim. [Com os exercícios] melhora bastante”, diz Andrea Oliveira, uma das funcionárias da empresa. Para Álvaro Machado, outra colaborador da empresa de informática, a pessoa trabalha mais disposta. “É isso que faz a diferença.”

Arteterapia

Caso algum funcionário não queira ou não possa participar da ginástica laboral, a empresa de Silvia Marques também oferece a arteterapia. Trata-se de um trabalho diferente, que pode complementar a ginástica laboral ou ser feito como atividade única.

“O objetivo da arteterapia é fazer com que o colaborador sinta mais auto estima. Melhora sua auto confiança, estimula a criatividade, faz com que ele realmente perceba do que é capaz e isso reverte para o trabalho dele”, explica a empresária.

Depois de um rápido aquecimento, os funcionários vão trabalhar com argila e, enquanto criam formas, vão relaxando.

“No começo tinha um preconceito grande com relação a perder tempo, milhões de e-mails pra responder, mas é uma ideia muito legal. Acho que o objetivo de desestressar é alcançado quando a gente faz alguma coisa do tipo”, fala o funcionário Michel Marotti.

A colega Ana Lúcia Batata também é uma entusiasta da atividade. “Acaba somando com a parte de trabalho né, fica uma coisa mais legal pra gente trabalhar também”, diz.

A aula de artes pós-expediente resulta em esculturas variadas e funcionários mais relaxados para o dia seguinte. A aula de arteterapia é feita duas vezes por semana e cada sessão dura 50 minutos. A empresa cobra R$ 1.200 por mês pelo serviço.

Para a gerente de Recursos Humanos da empresa de informática, Denise Camargo, as aulas não podem ser consideradas despesas, mas sim investimento, com retorno garantido. Depois de um ano de ginástica e arte na empresa, as faltas diminuíram e a produtividade dos funcionários aumentou.

“A empresa ganha profissionais mais felizes, mais descontraídos, com mais qualidade de vida e eu acho que o retorno é garantido”, diz Denise.


http://g1.globo.com/economia/pme/noticia/2012/10/ginastica-laboral-ajuda-diminuir-faltas-e-aumentar-lucros.html

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Saúde é prioridade



Por Érica Quinaglia Silva e Vinicius Ratton Brandi - Valor 14/09

Em um aspecto a saúde pública não se distingue de outros serviços prestados pelo Estado brasileiro: a vastidão que separa a ampla justiça das leis e o duro cotidiano da população. Para citar alguns exemplos, basta invocar o artigo 6º da Constituição Federal, que estabelece como direitos sociais, além da saúde, a educação, a alimentação, o trabalho, a moradia, o lazer, a segurança, entre outros. Com relação à saúde, a Constituição de 1988 extinguiu um regime com atendimento restrito aos contribuintes da Previdência Social (INAMPS) e instituiu o SUS (Sistema Único de Saúde), garantindo serviços de saúde universal e integral para a sociedade brasileira.

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 2010, os gastos com saúde por habitante no Brasil estão muito próximos da média mundial e 16% abaixo da média de países como Argentina, Uruguai e Chile. Se considerarmos apenas os gastos do governo, nossos números ficam, respectivamente, 36% e 30% abaixo da média. Os dados sugerem um espaço para ampliação dos gastos públicos, mas ainda assim não há garantias do pleno atendimento previsto nos dispositivos constitucionais. Com o permanente desenvolvimento tecnológico, a cada momento surgem novos exames, medicamentos e procedimentos médicos, aumentando as possibilidades dos gastos. Contribuem para o aumento dos custos, ainda, a maior longevidade da população e a intensiva atenção dispensada à população da terceira idade. E esse fenômeno está longe de se restringir à nossa realidade, motivando reavaliações na condução de políticas de saúde em diversos países.

Em economia, o racionamento é um mecanismo utilizado para restringir a demanda e manter os preços artificialmente baixos. No caso da prestação de serviços públicos o racionamento geralmente decorre da insuficiência de recursos para o atendimento completo da demanda. O racionamento se impõe, portanto, não como um ato explícito debatido entre os representantes da sociedade, mas de maneira implícita, na capacidade de arrecadação dos governos e na necessidade de repartição dos recursos escassos entre outras áreas. A mesma casa que garante a total amplitude dos direitos é a que aperta as amarras ao promulgar suas peças de diretrizes orçamentárias.

Na prática, quantidade e qualidade na prestação dos serviços de saúde acabam sendo comprometidas, resultando em longas filas de espera e grande insatisfação. De acordo com uma pesquisa publicada em janeiro de 2012 pela CNI em conjunto com o Ibope, 61% da população brasileira considera o serviço de saúde pública ruim ou péssimo e 55% considera a dificuldade/demora na obtenção do atendimento como seu principal problema, seguida da falta de estrutura e de médicos. Privilegiados arcam com os custos da rede privada ou adquirem planos de saúde na busca por um melhor atendimento, parcela que corresponde a aproximadamente 24% da população brasileira.

Essa total contradição entre o suporte legal e as possibilidades reais tem gerado um conflito entre os poderes Judiciário e Executivo. Não são raros os casos de sentenças judiciais obrigando governantes a proverem recursos para aquisição de medicamentos ou atendimentos em redes particulares, os quais muitas vezes são adquiridos às pressas a preços bem acima da média. Além da ineficiência inerente à compra não planejada, há casos em que esses recursos somam cifras elevadas e comprometem parte significativa do orçamento público. Um caso paradigmático é o das mucopolissacaridoses, pelo volume de recursos movimentados em cada ação e pelo tamanho reduzido da população. Entre 2006 e 2010, 195 indivíduos beneficiados por 196 decisões judiciais consumiram R$ 219 milhões com a compra de medicamentos para o tratamento dessas doenças genéticas raras.

A "judicialização da saúde", como tem sido chamada essa suposta ingerência, nos remete a questões jurídicas envolvendo a separação e competência dos poderes, mas especialmente a questões econômicas extremamente relevantes sobre como distribuir os recursos escassos da economia. É evidente a necessidade de se reconhecer o racionamento como condição perene e de se estabelecerem princípios e regras para a prestação dos serviços de saúde, nos quais sentenças isoladas sejam substituídas por políticas públicas sustentáveis e bem fundamentadas.
Um exemplo dramático dessa realidade envolve a cirurgia de remoção completa da mama (mastectomia) em pacientes vítimas de câncer. O serviço público garante a reconstrução mamária, reduzindo-se eventuais danos psicológicos decorrentes da alteração física da paciente. Porém, o tempo para realização da mastectomia com a subsequente reconstrução da mama daria para realizar três mastectomias. A longa fila de espera para realização da cirurgia e a impossibilidade de ampliação imediata na infraestrutura em algumas unidades colocam a equipe médica diante de uma "escolha de Sofia". Como complicador, há o fato de que a demora na realização da cirurgia pode comprometer as chances de cura das pacientes.
O filósofo e poeta norte-americano Henry David Thoreau já disse que "preço de qualquer coisa é a quantidade de vida que se troca por ela". Segundo esse raciocínio, a coisa mais cara ao ser humano seria sua própria vida, por completo. Em muitas situações, não é tão fácil saber a quantidade de vida que se ganha ou que se perde, mas ainda assim somos forçados a fazer escolhas. O racionamento significa fazer essas escolhas, com menor ou maior grau de complexidade, a partir do estabelecimento de prioridades a determinados tipos de pacientes, procedimentos ou doenças. Aspectos médicos e econômicos devem ser observados, mas esse é sobretudo um dilema ético. Trata-se de um problema típico de escolha social em que se pretendem melhorias no bem estar da sociedade face à heterogeneidade de seus integrantes e ao conjunto de seus valores morais. Não há solução fácil, mas a percepção do problema e a construção de um debate amplo e realista já representam um amadurecimento, um avanço.

Érica Quinaglia Silva é professora da UnB. Doutora em Antropologia e Sociologia pela Université Paris Descartes - Sorbonne. Pós-doutora em Bioética, Ética Aplicada e Saúde Coletiva.



Vinicius Ratton Brandi é professor do Ibmec-DF e doutorando em Economia pela UnB.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Saúde não é linha de montagem de automóveis



Por Paulo Romano - Valor 23/08

Não parece razoável que um país onde se trabalha cinco meses do ano para pagar impostos as pessoas continuem a arcar diretamente com mais de 50% dos gastos totais com saúde. Isso ocorre no Brasil e em apenas outras 30 nações, a maioria pobre, apontou a Organização Mundial de Saúde (OMS), em levantamento divulgado no primeiro semestre deste ano. Infelizmente, as estatísticas comparativas revelam outras distorções.

O Brasil é a sétima maior economia do mundo, mas as verbas públicas que destina ao setor de saúde equivalem a menos da metade da média anual. Ou seja, a despeito de impor aos seus contribuintes uma pesada carga tributária, de quase 30% do Produto Interno Bruto (digna das desenvolvidas nações escandinavas), o Estado brasileiro não faz os investimentos necessários no setor.

Enquanto a média mundial de gastos públicos com a saúde é de 14,3%, no Brasil ela é de ínfimos 5,9%, inferior mesmo até a média do continente africano, de 9,6%. Houve avanços, registre-se, pois em 2000 essa proporção de gastos na saúde equivalia a modestos 4,1% do orçamento público global. Mas a melhora é insignificante se considerados os desafios a enfrentar.

O escasso investimento público é o que impõe à população um maior desembolso. Essa omissão também explica uma disparidade estatística: a baixa relação entre número de leitos hospitalares e número de habitantes, uma distorção que ganha contornos de crueldade se considerarmos a enorme demanda por serviços de saúde, sobretudo nos segmentos de menor renda e as classes médias ascendentes, que também usam a saúde suplementar, e a dificuldade de acesso da grande maioria da população.

Existem no país 26 leitos para cada grupo de 10 mil pessoas, contra uma média mundial que é de 30/10 mil, sendo que, na Europa e nos Estados Unidos, a disponibilidade é mais de três vezes superior à brasileira. Nada menos do que 80 países apresentam indicadores dessa relação melhores do que o Brasil, o que não deixa de ser um dado ainda mais vergonhoso se lembrarmos que ocupamos a 7ª posição entre as economias mais ricas do planeta (medida pelo tamanho do PIB).

Os gastos públicos com saúde por habitante no Brasil - assinala a OMS - são de US$ 320,00 anuais, enquanto a média anual é de US$ 549,00 (se consideramos os países de Primeiro Mundo, mais uma vez gastos são dez vezes maiores do que os brasileiros). Um dado em que o Brasil aparece bem, melhor ao menos do que a média global, é o número de médicos por habitante.

Há 17,6 médicos para cada grupo de 10 mil pessoas no Brasil, contra 14 por 10 mil na média planetária. Mas também neste aspecto há uma distorção gritante, pois enquanto regiões mais desenvolvidas, como as principais capitais, essa relação é favorável, na maior parte dos municípios das Regiões Norte e Nordeste, ou mesmo nas periferias, onde se encontram os contingentes mais pobres da população, ela está muito aquém da média mundial.

Mesmo a taxa de 17,6 profissionais para cada grupo de 10 mil habitantes, ainda que superior à média mundial, pode ser considerada ruim, se a comparação for feita com os países da Europa Ocidental, onde a relação médico/indivíduo é o dobro da verificada aqui. A constatação óbvia é que temos um PIB de primeira, com serviços de saúde que ainda deixam muito a desejar.

Tudo isso considerado, devemos passar a ter cada vez mais cuidado com os recorrentes alertar quanto à necessidade de se melhorar a produtividade nos serviços de saúde, em especial aqueles serviços relacionados ao sistema suplementar (privado). Os ganhos em produtividade são, evidentemente, indispensáveis, e devem estar aliados a uma série de outras providências, ações e programas relacionados à gestão dos recursos (tantos os financeiros quanto os humanos).

Portanto, tem sem dúvida razão quem reclama da falta de melhor gestão nos hospitais públicos. Estão igualmente no caminho correto os gestores do sistema suplementar (rede privada) quando estabelecem modernos procedimentos, normas e parâmetros visando a agilizar o atendimento, reduzir as filas e melhorar o desempenho da organização. Mas não podemos perder de vista que os serviços de saúde, por razões inerentes ao seu objeto, têm natureza singular.

A fila de atendimento no Pronto Socorro de um hospital - seja público ou particular - não pode ser equiparada à linha de montagem de uma montadora de veículos - ainda que o objetivo dessa insólita analogia, tão divulgada na mídia recentemente por uma grande rede de hospitais privados - seja agilizar os processos. As estatísticas mostram que faltam investimentos públicos em saúde no Brasil.

A pressão sobre a rede suplementar, com aumento de filas, é resultado dessa omissão. É legítimo que, neste contexto, hospitais particulares queiram aperfeiçoar seus procedimentos - desde que não percam de vista a qualidade dos serviços e a natureza dos mesmos, onde a vida humana é a exclusiva razão de ser. Mas é igualmente legítimo que, como profissionais do ser ou meros contribuintes, passemos a cobrar do Poder Público investimentos em saúde compatíveis com os desafios que enfrentamos e com a força de nossa economia. Sem que isso signifique ignorar o relevante e imprescindível papel que o segmento privado pode e deve continuar a desempenhar.



Paulo Romano é médico e membro do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

quinta-feira, 28 de junho de 2012

O pavão e a saúde suplementar



Por Bruno Sobral - Valor 28/06

Em uma comparação bem humorada, apresentada na edição de janeiro de 2012 da "Harvard Business Review", os escritores americanos Christopher Meyer e Julia Kirby citam as semelhanças entre o curioso caso do processo evolutivo do pavão e o mundo dos negócios. Explicam que a fêmea do pavão escolhe o macho tendo como único critério a beleza e o tamanho de sua cauda. A beleza da cauda é, portanto, a medida de sucesso que a fêmea utiliza nas suas escolhas individuais. O interessante é que essa medida de sucesso utilizada pela fêmea levou a um processo evolutivo em que as novas gerações da espécie se tornaram cada vez mais coloridas, mais bonitas, maiores e, consequentemente, se tornaram presas fáceis. Esse processo evolutivo, em que a medida do sucesso e o incentivo natural estava "equivocado", levou ao quase desaparecimento da espécie que só foi salva pela intervenção do homem ao decidir que o pavão era, usando o jargão dos autores, "too beautiful to fail" (muito bonito para falhar).
Na analogia com o mundo dos negócios, os autores afirmam que algumas empresas podem estar caminhando na mesma direção do pavão, ao adotarem como únicas medidas de sucesso a maximização do retorno de curto prazo e o tamanho de suas fatias de mercado, oriundas de um modelo de competição de "soma zero", no qual a empresa ganha quando seus concorrentes e fornecedores perdem. Se essa é uma possibilidade para muitas das empresas americanas analisadas por Meyer e Kirby, é certamente o caso de boa parte das empresas que atuam no setor de planos de saúde brasileiro - saúde suplementar. O foco na geração de caixa e retorno de curto prazo e o modelo de competição voraz por quem fica com a maior fatia dos lucros, entre os atores desse mercado, têm levado a conflitos constantes entre planos, hospitais, médicos e indústrias de materiais e medicamentos.
Tais conflitos, por consequência, aumentam brutalmente os custos de transação e geram ineficiência e insatisfação generalizada. Como cita o professor de finanças de Harvard, Michael Porter em seu livro "Redefining Health Care", o mercado de saúde precisa mudar para um modelo que seja focado - e premiado - pelo valor que se agrega ao paciente. Ou seja, planos, hospitais, médicos e indústria precisam ter como medida de sucesso a competência com a qual enfrentam as necessidades particulares do paciente ao longo de todo o ciclo de cuidado (monitoramento, prevenção e tratamento). Porter argumenta ainda que, ao contrário do que se possa pensar, esse modelo custa menos e não mais e, portanto, aumenta a saúde financeira das empresas e do sistema como um todo.

Agregar valor ao paciente oferecendo-lhe mais qualidade e mudando o modelo de cuidado propicia diagnósticos mais precisos, menos erros no tratamento, menos complicações, recuperações mais rápidas, intervenções menos invasivas e menos necessidade de tratamento.

Mas se a mudança da medida de sucesso gera ganhos para todos, por que os atores desse mercado ainda não migraram para esse novo modelo? Entre as possíveis explicações estão as incertezas inerentes a todo processo de mudança, as mudanças nos processos de trabalho, a necessidade de investimentos em tecnologia da informação, uma possível desvantagem competitiva de curto prazo para as empresas pioneiras, dificuldade de obtenção de consenso sobre como medir qualidade, desconfiança mútua, inércia, visão das lideranças do setor e o mais importante: faltavam incentivos mais claros. Para suprir essa necessidade, um órgão regulador que lidere esse processo de mudança faz toda diferença.

Algumas ações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que se tornaram compromisso através da edição de sua agenda regulatória 2010/2011, estão claramente impregnadas do conceito de que é preciso mudar o modelo. Dentre essas medidas que induzem as operadoras a agregar valor ao paciente, destacam-se a resolução que permitiu aos planos estabelecer incentivos econômicos aos beneficiários que entrem em programas de prevenção e envelhecimento ativo e o programa Qualiss, que colocará à disposição de todos informações sobre a qualidade objetiva dos hospitais e clínicas de diagnóstico da rede prestadora.

Adicionalmente foi implementada norma que determinou tempo máximo de espera para atendimento das demandas dos pacientes; estuda-se um modelo mais racional e menos conflituoso de pagamento entre planos de saúde e hospitais e avançou-se na implementação do padrão de troca de informações do setor, que permitirá informação relevante para avaliar todas as demais ações.

Direta ou indiretamente, essas medidas incentivam a mudança na forma como a operadora se relaciona com os prestadores de serviço médico. Ao estabelecer tempo máximo de atendimento, incentiva-se uma relação contratual que leve em conta a conveniência do consumidor. Por sua vez, ao divulgar o nível de qualidade dos prestadores, o programa Qualiss incentiva arranjos contratuais e de remuneração diferenciados por qualidade, além de aumentar o interesse das operadoras em terem prestadores qualificados em sua rede assistencial.

Quando a medida do sucesso deixa de ser a geração de caixa de curto prazo e o exercício do poder de barganha (a cauda colorida do pavão) e passa para um modelo que premia a qualidade da assistência, todos ganham. Esse é um processo de mudança que leva tempo e os incentivos para mudar o modelo precisam ser constantemente revisados e reforçados mas, certamente, suas bases já começaram a ser postas pelo órgão regulador.



Bruno Sobral é diretor de desenvolvimento setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).


quarta-feira, 25 de abril de 2012

Remédio falso faz mal à economia e à saúde



Por Angela Ferreira
Para o Valor, de São Paulo

Além de prejudicar a eficiência econômica, a geração regular de empregos e a arrecadação de tributos, os medicamentos falsificados são um problema de saúde. "Ao adquirir o medicamento falsificado, o paciente não sabe quais substâncias compõem cada comprimido e isso o impossibilita de saber os efeitos colaterais. Essas substâncias podem não produzir o resultado esperado e até causar a morte do paciente", explica o diretor médico da Pfizer Brasil, João Fittipaldi.

A pirataria de medicamentos é considerada crime hediondo, sendo inafiançável, com pena máxima de 15 anos de reclusão, com agravantes em caso de morte ou sequelas para os pacientes, não se descartando a responsabilidade criminal pelo resultado causado a cada uma das vítimas.

A falsificação de remédios tem trazido dificuldades para a saúde global. Estudo feito pela Pfizer em 14 países europeus mostra que o mercado de medicamentos falsificados movimenta cerca de 10,5 bilhões de euros por ano.

No Brasil, segundo informações do Ministério da Justiça, foram apreendidos 18 milhões de medicamentos irregulares em 2010. As operações de apreensão da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) cresceram seis vezes de 2007 para 2010. Já os locais inspecionados durante as operações aumentaram nove vezes, de 136 para 1.245. O aumento das apreensões, segundo o Ministério da Justiça, é resultado de um acordo assinado em 2008 entre aquele ministério, por meio do Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP), e a Anvisa.

De acordo com a agência, os medicamentos preferidos dos falsificadores são aqueles que combatem a impotência sexual. É neste cenário que a Pfizer, fabricante do Viagra, um dos mais famosos medicamentos no combate à disfunção erétil, encontra maior dificuldade. Segundo o diretor médico, até um medicamento chegar ao mercado, são necessários cerca de 15 anos de pesquisa. De cada 5 mil a 10 mil moléculas estudadas, apenas uma chega ao mercado como um novo medicamento.

Para tentar dificultar as falsificações, as empresas estão criando embalagens mais sofisticadas. "Com o Viagra, o selo holográfico é trocado periodicamente, além de ter sido elaborada uma embalagem produzida em papel diferenciado, que custa até 8 vezes mais do que o papel usado na embalagem atual", conta.

Para minimizar o risco de comprar um produto ilegal, o consumidor deve desconfiar de preços muito abaixo da média e ficar atento a informações na caixa do remédio, como lacre, número do lote, data de fabricação e validade e a "raspadinha", uma superfície coberta com tinta que reage quando friccionada com um objeto metálico (uma chave ou moeda, por exemplo). Sob essa tinta, deve aparecer da fabricante.

Entre os principais alvos de falsificações também estão os remédios de alto custo (como os usados no tratamento contra câncer), os emagrecedores e os anabolizantes. Relatório produzido pelo Conselho Nacional de Combate à Pirataria (CNCP) revela que os produtos são encontrados no mercado informal, como feiras, camelôs e internet, mas também em farmácias, drogarias e lojas. Com o objetivo de sensibilizar a população sobre os perigos e precauções em relação aos medicamentos falsificados, o governo federal criou a campanha "Medicamento verdadeiro", lançada pela Anvisa, em 2009.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Entrevista com Lula na Folha de São Paulo

NA PRIMEIRA ENTREVISTA APÓS O DESAPARECIMENTO DO CÂNCER, LULA FALA DO MEDO DA MORTE E AFIRMA QUE AGORA QUER EVITAR UMA AGENDA ‘ALUCINADA’




Por Cláudia Collucci e Mônica Bergamo, na “Folha de São Paulo”



“O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou quinta-feira (29) que teve mais medo de perder a voz do que de morrer após a descoberta do câncer na laringe. “Se eu perdesse a voz, estaria morto.”

Um dia depois da notícia de que o tumor desapareceu, ele recebeu a “Folha” para uma entrevista exclusiva, num quarto do hospital Sírio Libanês, em São Paulo, onde faz sessões de fonoaudiologia.

Lula comparou a uma “bomba de Hiroshima” o tratamento que fez, com sessões de químio e radioterapia.

Ele emocionou-se ao lembrar da luta do vice-presidente José Alencar (1931-2011), que morreu de câncer há exatamente um ano. “Hoje é que eu tenho noção do que o Zé Alencar passou.”

Quase 16 quilos mais magro e com a voz um pouco mais rouca que o normal, o ex-presidente ainda sente dor na garganta e diz que sonha com o dia em que poderá comer pão “com a casca dura”.

A entrevista foi acompanhada por Roberto Kalil, seu médico pessoal e “guru”, pelo fotógrafo Ricardo Stuckert e pelo presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto.

-Folha – Como o Sr. está?

Luiz Inácio Lula da Silva – O câncer está resolvido porque não existe mais aqui [aponta para a garganta]. Mas eu tenho que fazer tratamento por um tempo ainda. Tenho que manter a disciplina para evitar que aconteça alguma coisa. Aprendi que tanto quanto os médicos, tanto quanto as injeções, tanto quanto a quimioterapia, tanto quanto a radioterapia, a disciplina no tratamento, cumprir as normas que tem que cumprir, fazer as coisas corretamente, são condições básicas para a gente poder curar o câncer.

-Foi difícil abrir mão…

Hoje é que eu tenho noção do que o Zé Alencar passou. [Fica com a voz embargada e os olhos marejados]. Eu, que convivi com ele tanto tempo, não tinha noção do que ele passou. A gente não sabe o que é pior, se a quimioterapia ou a radioterapia. Uns dizem que é a químio, outros que é a rádio. Para mim, os dois são um desastre. Um é uma bomba de Hiroshima e, o outro, eu nem sei que bomba é. Os dois são arrasadores.

-O Sr. teve medo?

A palavra correta não é medo. É um processo difícil de evitar, não tem uma única causa. As pessoas falam que é o cigarro [que causa a doença], falam que é um monte de coisa que dá, mas ‘tá’ cheio de criancinha que nasce com câncer e não fuma.

-Qual é a palavra correta?

A palavra correta… É uma doença que eu acho que é a mais delicada de todas. É avassaladora. Eu vim aqui com um tumor de 3 cm e de repente estava recebendo uma Hiroshima dentro de mim. [Em alguns momentos] Eu preferiria entrar em coma.

-Kalil [interrompendo] - Pelo amor de Deus, presidente! Em coma?

Eu falei para o Kalil: eu preferiria me trancar num freezer como um ‘carpaccio’. Sabe como se faz ‘carpaccio’? Você pega o contrafilé, tira a gordura, enrola a carne, amarra o barbante e coloca o contrafilé no freezer e, quando ele está congelado, você corta e faz o carpaccio. A minha vontade era me trancar no freezer e ficar congelado até…

-Sentia dor?

Náusea, náusea. A boca não suporta nada, nada, nada, nada. A gente ouvindo as pessoas [que passam por um tratamento contra o câncer] falarem não tem dimensão do que estão sentindo.

-Teve medo de morrer?

Eu tinha mais preocupação de perder a voz do que de morrer. Se eu perdesse a voz, estaria morto. Tem gente que fala que não tem medo de morrer, mas eu tenho. Se eu souber que a morte está na China, eu vou para a Bolívia.

-O Sr. acredita que existe alguma coisa depois da morte?

Eu acredito. Eu acredito que entre a vida que a gente conhece [e a morte] há muita coisa que ainda não compreendemos. Sou um homem que acredita que existam outras coisas que determinam a passagem nossa pela Terra. Sou um homem que acredita, que tem muita fé.

-Mesmo assim, teve um medo grande?

Medo, medo, eu vivo com medo. Eu sou um medroso. Não venha me dizer: ‘Não tenha medo da morte’. Porque eu me quero vivo. Uma vez ouvi meu amigo [o escritor] Ariano Suassuna dizer que ele chama a morte de Caetana e que, quando vê a Caetana, ele corre dela. Eu não quero ver a Caetana nem…

-Qual foi o pior momento nesse processo?

Foi quando eu soube. Vim trazer a minha mulher para um exame e a Marisa e o Kalil armaram uma arapuca e me colocaram no tal de PET [aparelho que rastreia tumores]. Eu tinha passado pelo otorrino, o otorrino tinha visto a minha garganta inflamada.

Eu já estava há 40 dias com a garganta inflamada e cada pessoa que eu encontrava me dava uma pastilha. No Brasil, as pessoas têm o hábito de dar pastilha para a gente. Não tinha uma pessoa que eu encontrasse que não me desse uma pastilha: ‘Essa aqui é boa, maravilhosa, essa é melhor’. Eu já tava cansado de chupar pastilha.

No dia do meu aniversário, eu disse: ‘Kalil, vou levar a Marisa para fazer uns exames’. E viemos para cá. O rapaz fez o exame, fez a endoscopia, disse que estava muito inflamada a minha garganta. Aí, inventaram essa história de eu fazer o PET. Eu não queria fazer, eu não tinha nada, pô. Aí eu fui fazer depois de xingar muito o Kalil.
Depois, fui para uma sala onde estava o Kalil e mais uns dez médicos. Eu senti um clima meio estranho. O Kalil estava com uma cara meio de chorar. Aí eu falei: ‘Sabe de uma coisa? Vocês já foram na casa de alguém para comunicar a morte? Eu já fui. Então falem o que aconteceu, digam!’ Aí me contaram que eu tinha um tumor. E eu disse: ‘Então vamos tratar’.

-Existia a possibilidade de operar o tumor, em vez de fazer o tratamento que o senhor fez.

Na realidade, isso nem foi discutido. Eles chegaram à conclusão de que tinha que fazer o que tinha que fazer para destruir o bicho [quimioterapia seguida de radioterapia], que era o mais certo. Eu disse: ‘Vamos fazer’.

O meu papel, então, a partir dessa decisão, era cumprir, era obedecer, me submeter a todos os caprichos que a medicina exigia. Porque eu sabia que era assim. Não pode vacilar. Você não pode [dizer]: ‘Hoje eu não quero, não ‘tô’ com vontade’.

-O senhor rezava, buscou ajuda espiritual?

Eu rezo muito, eu rezo muito, independentemente de estar doente.

-Fez alguma promessa?

Não.

-Existia também uma informação de que o senhor procurou ajuda do médium João de Deus.

Eu não procurei porque não conhecia as pessoas, mas várias pessoas me procuraram e eu sou muito agradecido. Várias pessoas vieram aqui, ainda hoje há várias pessoas me procurando. E todas as que me procurarem eu vou atender, conversar, porque eu acho que isso ajuda.

-E como será a vida do Sr. a partir de agora? Vai seguir com suas palestras?

Eu não quero tomar nenhuma decisão maluca. Eu ainda estou com a garganta muito dolorida, não posso dizer que estou normal porque, para comer, ainda dói.

Mas acho que entramos na fase em que, daqui a alguns dias, eu vou acordar e vou poder comer pão, sem fazer sopinha. Vou poder comer pão com aquela casca dura. Vai ser o dia!

Eu vou tomando as decisões com o tempo. Uma coisa eu tenho a certeza: eu não farei a agenda que já fiz. Nunca mais eu irei fazer a agenda alucinante e maluca que eu fiz nesses dez meses desde que eu deixei o governo. O que eu trabalhei entre março e outubro de 2011… Nós visitamos 30 e poucos países.

Eu não tenho mais vontade para isso, eu não vou fazer isso. Vou fazer menos coisas, com mais qualidade, participar das eleições de forma mais seletiva, ajudar a minha companheira Dilma [Rousseff] de forma mais seletiva, naquilo que ela entender que eu possa ajudar. Vou voltar mais tranquilo. O mundo não acaba na semana que vem.

-Quando é que o senhor começa a participar da campanha de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo?

Eu acho o Fernando Haddad o melhor candidato. São Paulo não pode continuar na mesmice de tantas e tantas décadas. Eu acho que ele vai surpreender muita gente. E desse negócio de surpreender muita gente eu sei. Muita gente dizia que a Dilma era um poste, que eu estava louco, que eu não entendia de política. Com o Fernando Haddad será a mesma coisa.

-O senhor vai pedir à senadora Marta Suplicy para entrar na campanha dele também?

Eu acho que a Marta é uma militante política, ela está na campanha.

-Tem falado com ela?

Falei com ela faz uns 15 dias. Ela me ligou para saber da saúde. Eu disse que, quando eu sarar, a gente vai conversar um monte.

-E em 2014? O senhor volta a disputar a Presidência?

Para mim, não tem 2014, 2018, 2022. Deixa eu contar uma coisa para vocês: eu acabei de deixar a Presidência da República, tem apenas um ano e quatro meses que eu deixei a Presidência.

Poucos brasileiros tiveram a sorte de passar pela Presidência da forma exitosa com que eu passei. E repetir o que eu fiz não será tarefa fácil. Eu sempre terei como adversário eu mesmo. Para que é que eu vou procurar sarna para me coçar se eu posso ajudar outras pessoas, posso trabalhar para outras pessoas?

E depois é o seguinte: você precisa esperar o tempo passar. Essas coisas você não decide agora. Um belo dia você não quer uma coisa, de repente se apresenta uma chance, você participa.

Mas a minha vontade agora é ajudar a minha companheira a ser a melhor presidenta, a trabalhar a reeleição dela. Eu digo sempre o seguinte: a Dilma só não será candidata à reeleição se ela não quiser. É direito dela, constitucional, de ser candidata a presidente da República. E eu terei imenso prazer de ser cabo eleitoral.”

FONTE: entrevista realizada por Cláudia Collucci e Mônica Bergamo, na “Folha de São Paulo” (http://www1.folha.uol.com.br/poder/1069313-sem-voz-estaria-morto-diz-lula-em-entrevista-exclusiva.shtml). Também postada por Luis Favre em seu blog (http://blogdofavre.ig.com.br/2012/03/recebi-uma-bomba-de-hiroshima-dentro-de-mim/).

terça-feira, 20 de março de 2012

Treinar o cérebro para compensar a deficiência é eficaz, diz médico israelense

TEL AVIV, Israel — Os olhos se esforçam, a testa se enruga, mas as letrinhas do jornal continuam embaçadas. A luz não parece ser suficiente, mesmo acendendo as lâmpadas da sala. Você sente uma leve dor de cabeça e afasta a página do rosto, na esperança de conseguir mais foco. Não tem jeito. Trata-se de um caso certeiro de presbiopia ou, simplesmente, vista cansada, na linguagem popular. Mas, segundo uma pesquisa inovadora, em vez de tolerar o desconforto da condição, é possível superar ou pelo menos minimizar o problema por meio de exercícios visuais desenvolvidos especialmente para quem está cansado de gastar dinheiro e carregar constantemente na bolsa óculos de leitura ou bifocais.

A presbiopia, palavra que vem do grego “olho envelhecendo”, é a degeneração da visão de curto alcance que acontece naturalmente com a idade. O motivo é a perda da elasticidade na lente do olho, o cristalino, o que dificulta focar em objetos próximos. Esta lente precisa mudar de comprimento e de formato toda vez que o olho mira em algo diferente. E é esta flexibilidade que se perde com o tempo.

Segundo especialistas, a condição afeta nada menos do que 80% das pessoas com mais de 42 anos e 99% com mais de 51. Há quem sustente, no entanto, que a anomalia tem começado cada vez mais cedo. Muitos reclamam da vista cansada aos 35 anos. A vida moderna, com a multiplicação de gadgets, computadores, games, iPads e iPhones, pode estar na raiz do problema.

— O olho humano não é projetado para durar 80, 90 anos, principalmente se fica se esforçando para ler em telas de computador que, mesmo modernas, têm resolução ainda baixa demais — diz o professor Uri Polat, especialista em doenças visuais da Universidade de Tel Aviv. — Não há cura para essa deterioração, mas é possível treinar o cérebro para compensar esse problema.

Para provar sua teoria, Polat conduziu, entre 2010 e 2011, uma experiência nos laboratórios da Universidade da Califórnia, em Berkeley, que pode devolver as esperanças de uma visão mais certeira por mais tempo. Ele e o colega americano Dennis Levi reuniram 30 voluntários com idade média de 51 anos (entre 40 a 60 anos) que sofrem de vista cansada e as fez praticarem o que chamaram de “treinamento perceptivo”. Por três meses, os participantes do estudo realizaram exercícios visuais específicos pelo menos três vezes por semana, por 30 minutos em cada uma das sessões.

Os exercícios consistiam em olhar para a tela de um computador e perceber o momento em que apareciam os chamados “padrões Gabor”, pequenos desenhos quadrados, em preto e branco, considerados básicos para o sistema visual. Os participantes tinham que olhar fixamente para a tela e discernir o momento em que um desses padrões — que simulam a sensação de profundidade através do contraste entre o preto e o branco — aparecia. Com o tempo, os exercícios se tornavam mais complexos, com diversos padrões aparecendo simultaneamente, sempre por fracções de segundo. Segundo os pesquisadores, o esforço visual para a percepção dos desenhos estimula o córtex visual, a área do cérebro especializada no processamento de imagens. Com o tempo, o cérebro aprende a focar nos padrões com mais clareza e rapidez.

Ao final de três meses de trabalho, Polat comparou a visão dos participantes com a de sete jovens com visão perfeita e três adultos com presbiopia que não praticaram os exercícios. Os resultados, publicados na revista especializada “Scientific Reports”, foram surpreendentes: todos os 30 voluntários passaram a ler de perto perfeitamente, sem a ajuda de óculos bifocais, alguns deles na mesma rapidez dos jovens. Os três adultos que não se exercitaram, por sua vez, apresentaram piora na visão de curto alcance.

Segundo Polat, a melhora não aconteceu por causa de uma “cura” na performance do olho, mas sim da possibilidade que o cérebro tem de manter plasticidade suficiente para superar a deterioração biológica natural. Na verdade, é o cérebro que aprende a decodificar melhor a imagem que recebe, mesmo que borrada.

— A visão não acontece no olho, e, sim, no cérebro — explica Polat. — O olho captura a luz e a transmite para que ele a decodifique e processe as imagens. O que podemos fazer é ensinar o cérebro a compensar, contrabalançar, o enrijecimento do cristalino. Não há limite de idade para ensinar algo novo ao cérebro.

Ele salienta, no entanto, que idosos podem sofrer com outros problemas de visão com a idade, como catarata e glaucoma, que não podem ser melhorados dessa forma.

Para provar que seu método atua sobre o cérebro e não sobre a fisiologia do olho, Polat pediu a assistência do renomado optometrista americano Clifton Schor, que constatou que, ao fim da experiência, não houve nenhuma mudança física nos olhos dos participantes. A melhoria na sua capacidade de leitura se deveu apenas a um aumento no ritmo de processamento de imagens no cérebro, aliado a uma maior sensibilidade dos neurônios.

Polat está desenvolvendo um software para ajudar o público a exercitar o cérebro e superar a vista cansada. A previsão é que o primeiro produto, o aplicativo GlassesOff, criado para smartphones, seja lançado nos próximos meses. Com o auxílio do programa, pessoas com presbiopia poderão se exercitar três vezes por semana, onde quer que estejam. E poderão abandonar os óculos.

— As pessoas vão até ler mais rápido, numa média de 12 palavras a mais por minuto. Isso significa que quem se exercitar poderá terminar de ler um texto de duas mil palavras, sem óculos, nove minutos antes do que era capaz anteriormente — profetiza o CEO da empresa, Nimrod Madar.





Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/saude/exercicio-para-vista-cansada-4336047#ixzz1pWa9u5I6



segunda-feira, 19 de março de 2012

A guerra suja dos laboratórios: 'Os medicamentos que curam completamente não dão lucro'

Tribuna da Internet – 14mar2012


O comentarista Mario Assis nos envia esta entrevista com Dr. Richard J. Roberts, Prémio Nobel da Medicina 1993, que assim se apresenta: “Tenho 68 anos e o pior do envelhecer é ter muitas verdades como sagradas, pois é quando é realmente necessário fazer perguntas. Nasci em Derby e o meu pai era mecânico, ofereceu-me um kit de química e ainda gosto de brincar. Sou casado tenho quatro filhos e sou tetraplégico devido a um acidente. O que me estimula é a investigação e por isso ainda a faço, participo no Campus for Excellence”. Roberts trabalha na empresa New England Biolabs.

- A pesquisa pode ser planejada?

Se eu fosse ministro da Ciência procuraria pessoas entusiasmadas com projetos interessantes. Bastava financiar para que aparecessem em 10 anos resultados surpreendentes.

- Parece uma boa política.

Acredita-se geralmente que financiar a pesquisa é o bastante para se poder ir muito longe, mas se se quer ter lucros rápidos, tem de se apoiar a pesquisa aplicada.

- E não é assim?

Muitas vezes as descobertas mais rentáveis são feitas baseadas em perguntas básicas. Foi assim que foi criado, com bilhões de dólares, o gigante da biotecnologia dos EUA, a firma para quem eu trabalho.

- Como foi criado esse gigante?

A biotecnolgia apareceu quando apaixonados pela matéria se começaram a questionar se poderiam clonar genes. Assim se começou a estudar e a purificá-los.

- Uma aventura por si só.

Sim, mas ninguém na altura esperava enriquecer com essa matéria, foi difícil arranjar financiamento para as pesquisas, até que o Presidente Nixon em 1971 resolveu lançar a guerra contra o cancer.

- Foi científicamente produtivo?

Permitiu muitas pesquisas, uma delas foi a minha, com uma enorme quantidade de fundos públicos, com pessoas que não estavam diretamente ligadas ao cancer, mas foi útil para compreender os mecanismos que permitem a vida.

- Que foi que o Prof. descobriu?

Phillipe Allen Sharp e eu descobrimos o DNA em íntrons eucarióticas e mecanismo de “splicing” do gene, e fomos bem recompensados.

- Para que foi útil?

Essa descoberta levou a perceber como funciona o DNA, no entanto tem apenas uma ligação indireta com o cancro.

- Que modelo de pesquisa é mais eficaz, o americano ou o europeu?

É óbvio que os EUA, onde o capital privado tem um papel ativo, é muito mais eficiente. Tomemos por exemplo o progresso espetacular da indústria de computadores, onde o dinheiro privado é que financia a pesquisa básica aplicada, mas para a indústria da saúde … eu tenho as minhas reservas.

- Eu escuto.

A pesquisa sobre a saúde humana não pode depender apenas de sua rentabilidade. O que é bom para os dividendos das empresas, nem sempre é bom para as pessoas.

- O senhor poderia explicar?

A indústria farmacêutica quer servir o mercado de capitais …

- Como qualquer outra indústria…

Não é apenas qualquer outra indústria, nós estamos a falar sobre a nossa saúde e as nossas vidas, os nossos filhos e milhões de seres humanos.

- Mas se são rentáveis, eles vão pesquisar melhor.

Se você só pensar em benefícios, você vai parar de se preocupar em servir as pessoas.

- Por exemplo?

Eu vi que em alguns casos, os cientistas que dependem de fundos privados descobriram um medicamento muito eficaz, que teria eliminado completamente uma doença …

- E porque pararam de investigar?

Porque as empresas farmacêuticas muitas vezes não estão tão interessadas na cura mas na obtenção de dinheiro, assim a investigação, de repente, foi desviada para a descoberta de medicamentos que não curam completamente, tornam isso sim, a doença crónica. Medicamentos que fazem sentir uma melhoria, mas que desaparece quando o doente para de tomar a droga.

- É uma acusação grave.

É comum que as empresas farmacêuticas estejam interessadas em pesquisas que não curam, mas que apenas tornam as doenças crônicas, com drogas mais rentáveis, do que medicamentos que curam completamente uma vez e para sempre. Você só precisa seguir a análise financeira da indústria farmacêutica e verificar o que eu digo.

- Estão atrás de dividendos.

É por isso que dizemos que a saúde não pode ser um mercado e não pode ser entendida meramente como um meio de ganhar dinheiro. E eu acho que o modelo europeu de capital privado e público misto, é menos susceptível de encorajar tais abusos.

- Um exemplo de tais abusos?

Pararam investigações com antibióticos porque estavam a ser muito eficazes e os doentes ficaram completamente curados. Como novos antibióticos não foram desenvolvidos, os organismos infecciosos tornaram-se resistentes e a tuberculose hoje, que na minha infância tinha sido vencida, reaparece e matou no ano passado um milhão de pessoas.

- Está falando sobre o Terceiro Mundo?

Esse é outro capítulo triste: doenças do Terceiro Mundo. Dificilmente se fazem investigações, porque as drogas que iriam combater essas doenças são inúteis. Mas eu estou a falar sobre o nosso Mundo, o Ocidental : o remédio que cura completamente não é rentável e, portanto, não é pesquisado.

- Há políticos envolvidos?

Não fique muito animado: no nosso sistema, os políticos são meros empregados das grandes empresas, que investem o que é necessário para que os “seus filhos” se possam eleger, e se eles não são eleitos, compram aqueles que foram eleitos. O dinheiro e as grandes empresas só estão interessados em multiplicar. Quase todos os políticos – e eu sei o que quero dizer – dependem descaradamente destas multinacionais farmacêuticas, que financiam as suas campanhas. O resto são palavras …



(Transcrito de http://www.revista-ariel.org)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Indicador médico uptodate

INDICAÇÕES



Acupunturista

DF - Conheço um que não atende pelo plano: Henrique, 3274-4030.

Luciano Ferreira

DF -Indico também a acupunturista Érika Nery.  Tel: 8471 2812. End. : QI 5 conj. 4 casa 11. Lago Sul. Uma informação adicional: ela é especialista em gestante. Gustavo Abe.
Homeopata que seja também acumpunturista conheço o Fernando Genshow. Muito bom também, mas não atende convênio. Tel: 34430043. “... apesar de nunca ter utilizado, alguns amigos indicaram acupunturistas recentemente.  Mas acho que não atendem pelo PASBC: - Rafael Raposo 61 8423-7773

- Cinira 3274.4418 ou 96557116 na asa norte - Dr. Zhang Caiweitelefone: 3244.1442 / 8141.9888910 sul, Mix Park Sul, bloco A sala 3.”

“Acupuntura e Massoterapia Prof Takashi Haguihara 9981-3916SMPW – Q-3, Conj 2, lote 7 – Park Way”




Dermatologista



Meu dermatologista é o Dr. Rubens Marcelo, Clinica St.Louis. Edifício de Clínicas, sala 108. Telefone 3327-8482. Coincidentemente, ele acaba de retirar uma verruga do meu pé. Ele é excelente como médico e como pessoa. Recomendo. Ah!é conveniado. Cicy Fecuri

Indico a Dra. Renata Rezende Camargo, da Clínica Telios, tel. 3443-3030 / 9156-7784. A agenda dela está meio difícil, mas é uma ótima médica.


Eu tinha mais duas indicações de outras dermatologistas, mas todas pediram o descredenciamento.

Abraços, Simone.

Fonoaudiologia

DF - Indico a Ana Paula de Aguiar, embora não tenha certeza se ela está no PasBC. Telefone: (061) 9234.3000 / 3349.4500
 Alexandre Lobão

Geriatria
DF Indico, de olhos fechados, a Dra. Cláudia.
Trata da minha mãe há mais de cinco anos e acabou sendo a médica da família.
Em várias situações ela mostrou sua competência e dedicação, além do carinho com que trata seus pacientes, qualidade rara hoje em dia e tão importante nessa especialidade.
Não atende pelo convênio, mas tenha certeza que vale a pena pagar a consulta.

Seus dados:
Dra. Cláudia A. Correa
Telefone: 3447-3433
Edifício Life Center - ST/N Conj. O - Consultório 56 - Térreo - Asa Norte
(de frente para Hospital Santa Helena)

Obs.: tem um estacionamento privativo para os condôminos mas o acesso é autorizado para os pacientes dela. É só informar ao porteiro.
Dagna.

Nutricionista

DF - O PASBC não cobre consultas com nutricionistas.
Mas cobre consultas com médicos nutrólogos.
Recomendo a NUTROCLÍNICA, extremamente profissional, com 2 experientes nutrólogos na equipe, nutricionistas, exame de bioimpedância, convênio com academias de ginástica no DF, entre outros benefícios.
Telefone: 3346-0963 ou 3346-7554
Endereço:

SHLS Quadra 716 • Bloco F • Salas 202 e 307 Centro Clinico Oswaldo Cruz
Atenciosamente,
Rafael

Aqui em São Paulo fui atendida por uma nutricionista da Qualicorp muito esclarecida e boa. O nome dela é Heloisa T. Scattini e ela faz parte da equipe multiprofissional do programa de controle de doenças cronicas. Talvez voce possa conversar com ela por telefone e pedir orientações. Ela conhece bem a parte de alimentos naturais, integrais e organicos e tem bom senso para orientar a pessoa. Ligue para a Qualicorp (0800-722-8466 ou (011)3014-3014 ) e peça para falar com ela.

Cristiana

Oftalmologia

 DF- Eu sentia fortíssimas dores de cabeça, mesmo utilizando óculos. Chegava em casa detonado. A Dra. Ivelize, do HOB, resolveu o meu problema. Tenho astigmatismo em conjunto com presbiopia. Realizei uma consulta com outro oftalmo, que me receitou  um par de óculos. Continuei com as fortes dores de cabeça. Posteriormente, fiz uma cirurgia plástica nas pálpebras com a Ivelize. Aproveitando o gancho, fiz uma revisão do graus das lentes. Acertei o grau e não tive mais dores de cabeça, mesmo quando fico o dia todo frente à um computador.

 At , Luis Pelicioni.

Oftalmologia infantil

DF - Indico a Dra. Cristiana Bertin, da Clínica Oculare
Tel.: 3242-4222
Site Oculare 
Denir

Indico Dr. Cassiano – CBV

Tel 32145000

Abs, Ana Paula


Otorrino

DF - Dr Eloi Michels: (61) 3245-3444. Ed. Porto Alegre, 714 Sul.
Manu

Pediatria

 Indico a Dra. Larissa, que atende no Hospital Daher, 3213-4848.A agenda dela é um pouco cheia. Se tem pressa, fica difícil.Abraços, Simone.

Pneumologia

DF
Dr. Paulo Feitosa

Pulmonorte - 34471528 / 32727487

Fernando Gurgel Filho

Psicologia


DF - A psicóloga Lízia Miranda Leite atende adolescentes mas não tem convênio com BCB.Quem quiser verificar preços, que não são caros, ligue para 8169-4090. Silvânia

Psiquiatria

Minha esposa é psicanalista e quando ela precisa encaminhar algum paciente para psiquiatra, ela encaminha para estes dois abaixo. Ela falou que tem tido bons resultados com eles, mas parece que eles não atendem pelo PASBC.
Dra. Hiltanice: (61) 9983-0589
Dr. Leonardo: (61) 9106-1394
Felipe Rocha.

Indico o Dr. Pablo, Clínica Olimpo ( http://www.clinicaolimpo.com.br/equipe.asp ).
Abraços, Simone.

Para crianças

Dra. Maria do Carmo IMPI SHIS QI05 Chácara 85 Lago Sul (61) 3364-2745
Abs.Walquí­ria

Urologista

Dr. João PauloUrocentroHospital Santa Lúcia

AmbulatórioSHLS 716 Conj. “C” Bl. “C” Sala 416/406

Tel: 3345-4200/3400/0614

João Nunes/Audit

Colegas, indico o Dr. Frederico. Meu pai consultou com ele e falou que ele é um ótimo médico.Abs, Simone.


FREDERICO INOCENTE MESSIAS (Frederico )

ANDROS - CLINICA DE UROLOGIA E ANDROLOGIA LTDA.

SHLN - Conj. D - Sala 09 - Hospital Sta. Helena

BAIRRO: SETOR MEDICO HOSPITALAR NORTE

BRASILIA/DF - CEP:70710-100

TELEFONE(S): 3340-7110

FREDERICO INOCENTE MESSIAS (Frederico )

ANDROS - CLINICA DE UROLOGIA E ANDROLOGIA LTDA.

SHLN - Bloco F - Sala 304/305 - Ed.Primo Cosara 3. andar

BAIRRO: SETOR HOSPITALAR LOCAL NORTE

BRASILIA/DF - CEP:70770-560

TELEFONE(S): 3340-

DEMANDAS

Olá pessoal,


sou nova aqui no banco e, portanto, também no PASBC.

Gostaria de ter indicações de ginecologista, dermatologista (mais na área de estética) e nutricionista (com abordagem mais "natureba" e nutrição esportiva).

Se alguém souber, por favor, passem as dicas.
Obrigada,

Marta

Pessoal, peço a quem puder a gentileza de indicar homeopata e acupunturista. Se atender pelo Pasbc, melhor ainda, mas vale qualquer indicação boa!
Muito agradecido!
edson.
 Edson Amemiya

Olá todos! Estou precisando de indicações de psicólogos com experiência em atendimento a adolescentes.De preferência, credenciados.Obrigada! Walquíria Lanna e Melo

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Saúde Criança



Ela se auto-define como “pedinte internacional”, e nessa qualidade viajou para Seattle, na semana passada, a convite da Fundação Bill & Melinda Gates, para expor o trabalho do Saúde Criança diante de 300 líderes da filantropia mundial. Este começo de 2012 anda movimentado para a Dra. Vera Cordeiro: de acordo com um ranking da revista suíça Global Journal divulgado há poucos dias, a sua instituição está em primeiro lugar entre as organizações sociais brasileiras, e em 38º entre as cem melhores do mundo. Os critérios utilizados para a seleção foram inovação, impacto, eficiência, estratégia, gerenciamento de finanças, transparência, sustentabilidade e reconhecimento – uma vitória e tanto para um projeto que nasceu numa cavalariça desativada.


Leia mais: internETC.: 02/01/2012 - 03/01/2012

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Dilma fecha acordo que prevê produção de medicamentos cubanos no Brasil



Por Raymundo Costa - Valor 02/02
De Porto Príncipe

Na viagem que fez a Cuba e ao Haiti, a presidente Dilma Rousseff fechou um acordo, em Havana, para a transferência de 20 produtos de biotecnologia, um pacote que terá o que há de ponta em termos de medicamentos de tratamento de câncer, transplantes, pé diabético e vacinas. Cuba tem dois grandes centros de biotecnologia, um dos últimos legados ao país da antiga União Soviética.

Já a partir de 2013, segundo disse o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, as oito maiores empresas brasileiras da área farmacêutica estarão fabricando esses medicamentos no país. As importações com transferência de tecnologia devem chegar aos US$ 100 milhões ao ano. Quando o complexo portuário de Mariel for inaugurado, as empresas devem passar a fabricar também em Havana.

O acordo conta com o apoio das oito maiores empresas farmacêuticas do Brasil, responsáveis por um faturamento de R$ 8 bilhões ao ano. A indústria foi representada na negociação pelo grupo Farmabrasil, no qual se associaram para tratar de seus interesses corporativos. Na realidade, em Havana, Dilma apenas ampliou um acordo feito pelo grupo com os cubanos e a mediação do ministro Padilha.

A última grande oportunidade que o país teve para avançar na área de pesquisa e tecnologia e avançar na área da biotecnologia ocorreu no fim dos anos 80 e início dos 90, época em que países como a Índia e a China foram incluídas no seleto grupo dos detentores de modernas tecnologias de combate ao câncer. "Tivemos uma oportunidade na época dos genéricos", disse Padilha.

Em setembro, Padilha foi a Cuba com os representantes do grupo Farmabrasil. Na época foram definidos oito produtos que poderiam ser objeto de transferência de tecnologia. São produtos de ponta para o tratamento de câncer, transplantes, pé diabético (complicação que é o principal motivo de amputações no país) e vacinas. "Apenas dois desses produtos consomem 34% do Ministério da Saúde", disse Padilha.

Na visita a Havana, Dilma ampliou o acordo: além de produzir no Brasil, os medicamentos também serão fabricados em Cuba, pelas empresas brasileiras, quando o porto de Mariel entrar em funcionamento, o que é previsto para 2014, embora muito pouco da obra tenha até agora sido executada, basicamente, o projeto de terraplanagem.

Dilma também firmou mais oito contratos de transferência de tecnologia de produtos para diagnóstico de doenças infecciosas, tratamento de câncer e vacinas. Ficou também acertada a construção, no Brasil, de um grande centro de biotecnologia, com o apoio e a expertise dos cubanos.

Atualmente, o Brasil importa cerca de US$ 80 milhões de Cuba, US$ 50 milhões na área farmacêutica, na aquisição de apenas dois produtos. Com os acordos, o país passará a importar US$ 100 milhões, com transferência de tecnologia. Mas em contrapartida espera exportar US$ 200 milhões ao ano, pois os produtos serão fabricados no Brasil. "Vamos baixar o preço dos medicamentos, ter acesso a uma tecnologia de que não dispomos e ainda ganharemos com a exportação", disse Padilha.

Na conversa que teve com o ex-presidente Fidel Castro, o comandante da revolução cubana deu dois livros para a presidente brasileira, um deles a sua própria biografia como o "guerrilheiro do século". Dilma deu chocolates a Fidel. O ex-presidente de Cuba, aos 85 anos, se locomove com alguma dificuldade, ainda devido a uma queda, há alguns anos. Ao ver Dilma, Fidel disse que achava que a presidente era mais baixa. O ex-presidente também afirmou que a obra do porto de Mariel era a maior em realização em Cuba, desde 1959 (ano da revolução).

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Entrevista Robert Lustig - Açúcar causa dependência como álcool e cigarro

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Seg, 25 de Julho de 2011 10:21 .

Endocrinologista americano lança polêmica ao culpar o consumo de doces e até sucos pela epidemia de obesidade



Patrícia Campos Mello da Folha de São Paulo



Açúcar é veneno. Do mais natureba, o mascavo, até o suco de fruta ou o famigerado xarope de milho, o açúcar está por trás de doenças cardíacas, diabetes e câncer.E deveria ser proibido para menores de 21 anos, como o álcool e o cigarro.

É com essas declarações polêmicas que o americano Robert Lustig, endocrinologista pediátrico da Universidade da Califórnia em San Francisco, ganhou fama internacional nos últimos anos.


Sua palestra "Açúcar: a verdade amarga" teve mais de 900 mil acessos no YouTube (tinyurl.com/ldgu9k). Há duas semanas, suas teses foram tema da reportagem de capa da revista do "New York Times". Abaixo, os principais trechos da entrevista que ele concedeu à Folha, por telefone.



Folha - O senhor defende que as pessoas eliminem totalmente o açúcar da dieta?

Robert Lustig - Não, eu não sou um "food nazi". Eu como açúcar, mas muito pouco.

Nosso corpo tem uma capacidade muito limitada para metabolizar o açúcar e nós vivemos muito acima dela. Não precisamos de frutose para viver. Nosso corpo ficaria muito bem sem nenhuma frutose [açúcar refinado, a sacarose é composta de 50% de frutose e 50% de glicose].


Qual é o máximo de frutose que deveríamos ingerir?

Não temos certeza. Mas uma estimativa é 50 g por dia. Meus estudos mostram as similaridades entre frutose e álcool. Eles são metabolizados da mesma forma, no fígado. E nós sabemos qual é o limite de toxicidade para o álcool: 50 g. A epidemia de obesidade começou quando o consumo de frutose ultrapassou os 50 g por dia [ou 100 g de açúcar, o mesmo que duas latas e meia de refrigerante].


A Associação Cardiológica Americana publicou uma orientação, em agosto de 2009, da qual eu sou coautor, dizendo que o consumo atual de açúcar nos EUA é de 22 colheres de chá por dia. Deveríamos reduzir isso para nove colheres no caso de homens e seis no caso de mulheres.


Qualquer açúcar é ruim, não importa se é mascavo ou xarope de milho?

Todos são igualmente ruins.


Deveríamos substitui-los por adoçantes artificiais?

Adoçantes artificiais são uma questão complicada. Não fizemos todos os testes para saber o que os adoçantes fazem no organismo.

Segundo uma linha de estudos, uma vez que a língua sente o sabor doce, o cérebro se prepara para a entrada do açúcar no sangue. Se ele não entra, o cérebro fica confuso, o que pode levar a um aumento no consumo de açúcar.

Há estudos ligando o consumo de adoçantes a obesidade e doença cardíaca.


Qual a alimentação que os pais devem dar a seus filhos?

Crianças devem comer comida de verdade.


Mas isso inclui suco de fruta natural...

Não, suco de fruta, mesmo natural, não é comida de verdade. Deus fez suco de fruta? Não. Deus fez fruta. Qual é a diferença entre a fruta e o suco? Fibras. A fibra é a parte boa da fruta, e o suco, a má.

Sempre que há frutose na natureza, há muita fibra ""há uma exceção, o mel, mas este é policiado pelas abelhas.

As fibras limitam a velocidade da absorção dos carboidratos e das gorduras do intestino para a corrente sanguínea. Quanto mais rápido a energia sai do intestino e vai para o fígado, maiores as chances de danificar o órgão.


Quando o senhor diz que crianças devem comer comida de verdade, isso inclui um sorvete no fim de semana?

Sim. Quando eu era pequeno, sobremesa era uma vez por semana. Hoje, é uma vez por refeição. Esse é o problema. Eu tenho duas filhas pequenas e é isso que faço. Se é dia de semana e elas querem sobremesa, ganham uma fruta. Uma bola de sorvete, só no fim de semana. Elas seguem as regras e não ficam sonhando com doces.



O senhor propõe que a venda de doces e refrigerantes seja proibida para menores, como cigarros e álcool.

Sim. Refrigerantes não têm valor nutritivo, não fazem nenhum bem às crianças. Se os pais quiserem que seus filhos tomem refrigerante, que comprem para eles.


Não é exagero comparar açúcar a álcool e cigarros?

Não. Cigarros e álcool causam dependência, e açúcar também. Nos refrigerantes, tanto a cafeína como o açúcar causam dependência. Sal e gordura causam hábito, mas não dependência.



Como o senhor explica os efeitos nocivos do açúcar?

Quatro alimentos foram associados à doença metabólica crônica: gorduras trans, aminoácidos de cadeia ramificada [soja], álcool e frutose.

A frutose, quando é metabolizada, libera substâncias tóxicas chamadas espécies reativas de oxigênio [radicais livres], que levam a danos nas células no longo prazo, envelhecimento e, potencialmente, câncer.



Fonte: Jornal Folha de SP de 24/7/11



sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

O difícil problema da saúde



Por Alberto Carlos Almeida  - Valor 27/01
Para o Valor, de São Paulo

Afirmar que a solução para a saúde pública é difícil é um eufemismo. O mais provável é que não haja solução alguma e que se trate, simplesmente, de um problema impossível de ser resolvido.
A questão mais importante é saber que problema é esse. É preciso, antes de mais nada, definir o que está ruim e que, portanto, precisa de uma solução. Para que fique claro: o principal problema do Sistema Único de Saúde é o tempo de espera para marcar consultas e exames. Esse tempo nada tem a ver com o tempo em sala de espera, mas sim com a distância que separa o dia em que um cidadão procura o serviço de saúde para marcar uma consulta e o dia em que a consulta ocorre. Muitos leitores não devem saber, mas é comum que, em todos os lugares do Brasil, se espere três meses ou mais para que ocorra a consulta. Os usuários do sistema privado esperam uma, duas, talvez três semanas para uma consulta médica, ao passo que os usuários do SUS dificilmente são recebidos pelo médico antes de 90 dias.
A via crucis se repete na etapa seguinte, a do exame. Mais uma vez, o tempo de espera é inacreditavelmente longo. Falar em três meses de espera para cada uma dessas etapas é, com frequência, generosidade. Já fui testemunha ocular em uma visita que fiz a um município no entorno do Distrito Federal onde o tempo de espera para uma consulta com o cardiologista ou oftalmologista era de 9 a 12 meses. Imagine-se uma pessoa com um problema tão simples como a vista cansada aguardar um ano para que um médico a receba e só então ter a perspectiva de passar a utilizar óculos. Isso é nada diante das pessoas que morrem porque não foram recebidas por cardiologistas. Essas pessoas entrarão na estatística de morte por AVC ou ataque cardíaco sem que jamais se tenha notícia de que a morte provavelmente teria sido evitada se a consulta médica, e os exames, tivessem sido realizados na mesma velocidade em que são feitos no setor privado.

Como essa espera, para o doente, é equivalente à eternidade, ele acaba indo para um hospital e é recebido, de pé, por um médico que em cinco minutos mede a pressão, tira a pulsação e receita algum medicamento. Muitos de nós conhecemos inúmeras pessoas que passaram por isso. Tempos atrás, nossa empregada doméstica recebeu uma receita de remédio de pressão, quando estava, veio saber depois, com infecção urinária. Os hospitais estão superlotados porque cumprem o papel de substituir a consulta e o exame regular. No final das contas, não acontece nem uma coisa nem outra, mas o doente é, de alguma maneira, atendido.

No debate público sobre a crise da saúde pública aparecem sempre duas soluções. Uma é colocar mais recursos. Isso acabou de acontecer por meio da regulamentação da emenda 29. Ou se fala em melhorar a gestão. Não creio que solução esteja em nenhuma dessas duas medidas.

O aumento de recursos tem limites claros. O Brasil já desfruta de uma das maiores cargas tributárias do mundo, sob qualquer parâmetro de comparação: é a maior dentre os países emergentes, é das maiores na comparação com os desenvolvidos, na América Latina etc. Além da impossibilidade de se aumentar indefinidamente a carga tributária, a saúde pode ser o problema mais importante, mas não é o único. Os recursos do governo precisam ser direcionados para outros problemas, como educação, infraestrutura, política social, previdência etc. Sob qualquer prisma, sob uma análise mais cuidadosa ou mais geral, é muito difícil sustentar que a solução do tempo de espera para consultas e exames esteja no aumento dos recursos direcionados para a saúde.

Melhorar a gestão também não parece ser a solução. O problema do atendimento público da saúde está muito na ponta: ocorre na relação existente entre os médicos e seu trabalho, entre os médicos e seus potenciais pacientes. Nada tem a ver com compra de equipamentos, compra de material hospitalar, coisas assim. O médico precisa se dedicar ao trabalho e, caso isso não ocorra, ele precisa ser punido. É aí que entra o velho e conhecido problema do agente e do principal: ninguém é dono do SUS, ninguém manda nos médicos, eles são o agente, mas não há o chefe, não há o principal que os faça atender a população. A mídia e a população já conhecem o jogo de empurra: os médicos afirmam que são mal pagos e que não têm recursos para trabalhar, os prefeitos e governadores admitem, mas obviamente não dizem em público, que os médicos faltam sistematicamente ao trabalho e nada podem fazer contra isso. Não há gestão que resolva isso, é um típico problema de agente-principal.

O Reino Unido, anglo-saxão, orgulha-se de seu National Health System (NHS). É o SUS do país que acabamos de ultrapassar no PIB bruto. Os anglo-saxões, todos sabemos, são muito diferentes de nós, culturalmente. Trata-se de uma população cuja adesão às regras é infinitamente maior do que a nossa. A implicação disso para o mundo dos serviços é fenomenal: há um dever a ser cumprido. É por isso que, em função de diferenças culturais, devemos esperar que o funcionamento do serviço universal de saúde pública naquele país seja mais eficiente do que no nosso. Mantidas constantes todas as demais variáveis, ser criado em uma cultura voltada para os serviços possibilita uma melhor oferta de serviços. É simples.

No final dos anos 1990, quando o Reino Unido ainda estava longe de produzir menos riqueza do que o Brasil, um levantamento criterioso do NHS concluiu que 90% das pacientes diagnosticadas com a versão grave de câncer do seio tinham que esperar 62 dias para iniciar o tratamento. Para casos graves de câncer do colo, a espera era de 95 dias; para câncer do pulmão, 91 dias; para o cervical, 123 dias; para o de próstata, 143 dias. No Brasil, não existe nenhuma estatística sobre o tempo médio de espera para consultas e exames, muito menos para 90% dos pacientes graves por tipos de câncer.
O que o caso britânico revela, dentre outras coisas, é o problema do agente-principal. Não há controle possível sobre os médicos; o problema é na ponta, é no tempo de espera. Adicionalmente, não há recursos financeiros infinitos. Atualmente, o NHS passa por uma crise sem precedentes, com perspectivas de fechamento de hospitais e medidas do gênero. No Reino Unido, atribui-se isso ao envelhecimento da população e ao surgimento de exames e procedimentos médicos mais custosos. Pode ser. Na realidade, não importa. O sistema público, quando se trata de recursos financeiros, funciona como uma esponja: quanto mais há, mais ele demanda; quanto mais recebe, mais exige. A emenda 29 e sua regulamentação são apenas um sintoma dessa lógica sem fim.
Há solução para esse problema e estamos todos diante dela. A solução, no Brasil, está em andamento. A pesquisa Conta-Satélite de Saúde, do IBGE acabou de mostrar que o gasto privado per capita com saúde é maior do que seu equivalente público em nada menos do que 29%. O governo gasta 645 reais por brasileiro com saúde, ao passo que o gasto médio de cada brasileiro com saúde é de 835 reais. Aí está a solução para o desrespeito, para a espera interminável, para as mortes e a morbidade na fila: os brasileiros vão cada vez mais financiar privadamente seu atendimento de saúde.

Por favor, não esperemos por planos de um demiurgo, novas regulamentações ou pactos sociais em torno do tema. A solução é individual e privada. A solução é incremental, de longo prazo e aparentemente desorganizada. Na medida em que aumentar a renda per capita, as pessoas vão gastar mais com saúde e se livrarão do atendimento público. Trata-se de um desfecho tão inevitável quanto ultrapassar o PIB bruto da França e o PIB per capita do Reino Unido. È apenas uma questão e tempo.

Não há recursos públicos ou eficiência em gestão que resolva o caos do SUS ou do NHS. A solução será fornecida pelos indivíduos, pelos agentes privados que, afortunadamente, graças ao aumento de sua renda, poderão pagar por seus próprios cuidados com saúde. Caberá ao SUS um papel reduzido, de atendimento àqueles que realmente não terão condições de pagar por nada que seja além de alguns atendimentos como emergência, serviços de ambulância e vacinação. Até atingirmos esse estágio, teremos que conviver com a promessa permanente de que há solução para o atendimento público de saúde. Esqueçam. É impossível. O melhor, para quem não acredita em mágica, é que essa promessa entre por um ouvido e saia por outro.

Alberto Carlos Almeida, sociólogo e professor universitário, é autor de "A Cabeça do Brasileiro" e "O Dedo na Ferida: Menos Imposto, Mais Consumo". E-mail: Alberto.almeida@institutoanalise.com www.twitter.com/albertocalmeida

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

UMA TABELA PARA TER À MÃO


Colaboração JBDELA

Maçã Protege o seu coração Evita constipação Bloqueia a diarreia Melhora capacidade dos pulmões Amortece as articulações


Damasco Previne o câncer Controla a pressão arterial Protege a sua visão Protege contra a doença de Alzheimer Retarda o envelhecimento

Alcachofra Ajuda na digestão Baixa o colesterol Protege o seu coração Estabiliza o açúcar no sangue Protege contra doenças do fígado

Abacate Combate as diabetes Baixa o colesterol Previne as tromboses AVC Controla pressão arterial Suaviza a pele

Banana Protege o seu coração Atenua a tosse Fortalece os ossos Controla a pressão arterial Bloqueia a diarreia

Feijão Evita constipações Atenua a hemorroida Baixa o colesterol Previne o câncer Estabiliza o açúcar no sangue

Beterraba Controla a pressão arterial Previne o câncer Fortalece os ossos Protege o seu coração Ajuda a perder peso

Baga de Mirtilho Previne o câncer Protege o seu coração Estabiliza o açucar no sangue Estimula a memória Evita a Constipação

Brócolos Fortalece os Ossos Protege a Visão Previne o câncer Protege o seu coração Controla a pressão arterial

Couve Previne o câncer Evita a prisão ventre Ajuda a perder peso Protege o seu coração Atenua a hemorroida

Melão Protege a Visão Controla a pressão arterial Baixa o colesterol Previne o câncer Fortalece o sistema imunológico

Cenoura Protege a Visão Protege o seu coração Evita a prisão de ventre Previne o câncer Ajuda a perder peso

Couve-Flor Previne o câncer da Próstata Previne o câncer da Mama Fortalece os ossos Elimina escoreações Previne a doença do coração

Cereja Protege o seu Coração Previne o câncer Acaba com as insônias Tarda o envelhecimento Protege contra a doença de Alzheimer

Castanha Ajuda a perder peso Protege o seu coração Baixa o colesterol Previne o câncer Controla a pressão arterial

Pimentão picante Ajuda na digestão Suaviza as dores da garganta Remove abcessos Previne o câncer Fortalece o sistema imunológico

Figo Ajuda a perder peso Previne as tromboses AVC Baixa o colesterol Previne o câncer Controla a pressão arterial

Peixe Protege o seu coração Estimula a memória Protege o seu coração Previne o câncer Fortalece o sistema imunológico

Linho Ajuda a digestão Combate as diabetes Protege o seu coração Fortalece o cére br o Fortalece o sistema imunológico

Alho Baixa o colesterol Controla a pressão arterial Previne o câncer Mata bactérias Combate Fungos

Toranja Protege contra ataques cardíacos Promove a perda de peso Previne as tromboses AVC Previne o câncer da Próstata Baixa o colesterol

Uva Protege a Visão Previne pedra nos rins Previne o câncer Aumenta o fluxo de sangue Protege o seu coração

Chá Verde Previne o câncer Protege o seu coração Previne as tromboses AVC Ajuda a perder peso Mata bactérias

Mel Cura Feridas Ajuda a digestão Previne contra Úlceras Aumenta a energia Combate alergias

Limão Previne o câncer Protege o seu coração Controla a pressão arterial Suaviza a pele Elimina o escorbuto

Lima Previne o câncer Protege o seu coração Controla a pressão arterial Suaviza a pele Elimina o escorbuto

Manga Previne o câncer Estimula a memória Regula a tiroíde Ajuda na digestão Protege contra a doença de Alzheimer

Cogumelo Controla a pressão arterial Baixa o colesterol Mata bactérias Previne o câncer Fortalece os ossos

Aveia Baixa o colesterol Previne o câncer Combate a diabetes Evita constipação Suaviza a pele

Azeite doce Protege o seu coração Ajuda a perder peso Previne o câncer Combate a diabetes Suaviza a pele

Cebola Reduz risco de ataque cardíaco Previne o câncer Mata bactérias Baixa o colesterol Combate Fungos

Laranjas Fortalece o sistema imunológico Previne o câncer Protege o seu coração Favorece a respiração Elimina o escorbuto

Peras Evita a Constipação Previne o câncer Previne as tromboses AVC Ajuda a digestão

Ananás Fortalece os ossos Alivia a febre Ajuda a disgestão Bloqueia a diarreia

Ameixas Tarda o envelhecimento Evita Constipação Estimula a memória Baixa o colesterol Protege contra doença do coração

Arroz Protege o seu coração Combate a diabetes Previne pedra nos rins Previne o câncer Previne as tromboses AVC

Morango Previne o câncer Protege o seu coração Estimula a memória Acalma o stress

Batata doce Protege a sua Visão Levanta a disposição Combate o câncer Fortalece os ossos

Tomate Previne o câncer na próstata Previne o câncer Baixa o colesterol Protege o seu Coração

Nozes Baixa o colesterol Previne o câncer Estimula a memória Melhora a disposição Protege contra doenças do coração

Água Ajuda a perder peso Previne o câncer Previne pedra nos rins Suaviza a pele

Melancia Previne o câncer na próstata Promove a perda de peso Baixa o colesterol






quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Parem as mortes, não o financiamento



Por Unni Karunakara - Valor 19/01

Quando o Fundo Global de Combate à Aids, Tuberculose e Malária anunciou que iria cancelar sua nova rodada de financiamentos devido à escassez de recursos, eu senti como se tivessem dado um soco na minha cara - e na de milhares de profissionais de saúde de Médicos Sem Fronteiras (MSF).

A notícia de que os países doadores deixaram de lado seu compromisso com o Fundo Global veio no pior momento possível, após anos de trabalho duro e dos recentes avanços científicos, que trouxeram a esperança de frear essas três doenças, responsáveis pela morte de milhões de pessoas todos os anos.

Os programas de tratamento do MSF são financiados principalmente por doadores individuais privados. Os Ministérios da Saúde, no entanto, dependem do Fundo Global. Estimativas apontam que os financiamentos do Fundo contribuem para prevenir cerca de um milhão de mortes anuais.

Mas os países doadores deixaram o Fundo Global de lado. Alguns seguraram ou atrasaram as contribuições que haviam se comprometido a fazer. Outros não deram nada. Sem recursos para arcar com novos projetos até 2014, o Fundo teve que dizer a países mais afetados pelas doenças que eles não podem aumentar a oferta de tratamento contra HIV nos próximos três anos, a menos que as verbas já tenham sido aprovadas. Tuberculose e malária também vão sofrer com a falta de recursos. Isso quer dizer que os Ministérios da Saúde serão forçados a racionar a assistência médica e a tomar a difícil decisão de oferecer tratamento de menor qualidade, simplesmente porque o tratamento melhor custa mais caro. E isso em um momento em que avanços científicos poderiam ajudar a frear as três doenças.

Veja a aids, por exemplo. Há 10 anos, o MSF criou programas que desafiaram a concepção vigente até então de que o tratamento não podia ser oferecido em comunidades pobres. Em 2011, 30 anos após o início da epidemia, pesquisas e evidências científicas revelaram que o tratamento contra HIV pode ser uma ferramenta essencial também para frear a pandemia: uma pessoa que recebe o tratamento desde cedo tem 96% menos de chance de passar o vírus para outra. Hoje, entretanto, a maioria das pessoas que recebe o diagnóstico positivo continua sem tratamento.

Em relação à tuberculose, pela primeira vez o número de pessoas com a doença diminuiu - apesar de ainda ser extremamente alto para uma doença curável -, ainda que o número de variações mais letais e resistentes a medicamentos esteja aumentando. No caso da tuberculose, tratamento também é prevenção: quando as pessoas recebem tratamento, têm menos chance de espalhar a doença. Um avanço na tecnologia de diagnóstico melhorou nossa habilidade de determinar quem sofre de tuberculose resistente a medicamentos e, desse modo, oferecer o tratamento certo desde o início.

Quanto à malária, a combinação da oferta de mosquiteiros e de terapias mais eficazes de tratamento reduziu de forma significativa a incidência da doença. Um estudo clínico de 2010 mostrou que tratamentos melhores para variações mais severas da malária em crianças podem reduzir drasticamente a taxa de mortalidade. Porém, as crianças continuam sendo tratadas com quinino, um medicamento mais barato, mas muito menos eficaz. A doença continua matando centenas de milhares de pessoas todos os anos, a maioria crianças. Estimativas do MSF apontam que trocar o tratamento poderia salvar 200 mil vidas todos os anos - a um custo adicional de US$ 30 milhões.

O momento nunca foi tão propício à expansão da oferta de tratamento, sobretudo devido às novas evidências científicas. Mas de onde virão os financiamentos, agora que há uma placa na "porta" do Fundo Global que diz "fechado para novas propostas"?

Já está na hora de o comitê do Fundo Global deixar de ser passivo e alertar sobre a urgência desta situação. O comitê precisa organizar uma conferência de doadores em caráter emergencial nos próximos seis meses, para tentar arrecadar mais recursos. Os doadores que se comprometeram a oferecer recursos devem cumprir suas promessas. As potências econômicas emergentes, como China, Brasil e Índia, também precisam assumir sua responsabilidade. É inconcebível que o Fundo complete 10 anos em janeiro oferecendo amargo presente para o mundo: um retrocesso de três anos na luta contra essas doenças fatais.

Em meu trabalho com o MSF, vi pessoas morrerem de aids, tuberculose e malária. No entanto, recentemente, o que mais vi foram pessoas sobrevivendo a essas doenças. O Fundo Global é uma parte essencial do projeto de saúde mais ambicioso da história. Milhões de pessoas que hoje estão vivas são a prova desse sucesso. Nós não podemos perder a oportunidade de dar um golpe final nessas doenças.

Unni Karunakara é médico e presidente internacional de Médicos Sem Fronteiras (MSF), organização médico-humanitária independente presente em mais de 60 países. Em 2010, MSF ofereceu tratamento anti-HIV para mais de 180 mil pessoas em quase 20 países, tratou 30 mil pacientes com tuberculose e 1,6 milhão com malária.