quarta-feira, 23 de novembro de 2011

O declínio da Aids



editoriais@uol.com.br - FSP 23/11

A boa notícia é que tanto as mortes por Aids como as novas infecções pelo vírus HIV estão caindo em todo o mundo. Em relação ao pico dos óbitos, registrado em 2005, o total de fatalidades verificadas em 2010 diminuiu 18%.

Já a transmissão de novos casos no ano passado recuou 21% em comparação com o auge da epidemia, em 1997.

Apesar dos avanços, um exército de 1,8 milhão de pessoas morreu no ano passado por causa da Aids. Esses números foram apurados pela Unaids, a agência das Nações Unidas encarregada de combater a moléstia.

O foco da epidemia continua sendo a África, que reúne 23 milhões dos 34 milhões de pessoas vivendo com o vírus. Foi também neste continente que a doença provocou mais estragos, reduzindo drasticamente a expectativa de vida em alguns países e contribuindo para agravar a miséria local.

A principal razão para a redução dos óbitos é o maior acesso da população aos medicamentos antirretrovirais. É possível, contudo, avançar nessa frente. Nos países de renda média e baixa, pouco menos da metade dos doentes recebe as drogas.

Infelizmente, a crise financeira no mundo desenvolvido poderá complicar a continuidade desses programas. No ano passado já se constatou uma ligeira queda nas doações.

Outro aspecto importante é ampliar os testes que revelam a presença do vírus. Estima-se que, no Brasil, entre 250 mil e 300 mil pessoas sejam soropositivas sem sabê-lo. Isso significa que podem estar inadvertidamente contaminando seus parceiros sexuais. Descobri-los e tratá-los cumpre o duplo objetivo de preservar vidas e conter a disseminação da Aids.

Um ponto omitido pelo relatório da Unaids, mas que merece atenção, é o da história natural da doença. Uma previsão da biologia para todas as moléstias de origem viral é que, com o tempo, as cepas em circulação se tornem menos agressivas.

Um vírus que mate todos os seus hospedeiros reduz suas chances de sobrevivência. Assim, além dos méritos da Unaids e de todos os que estão na linha de frente do combate à epidemia, é preciso considerar que, felizmente, a tendência é o HIV tornar-se menos virulento.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Em tratamento, Lula tira barba que mantém há 30 anos e raspa cabelo

Valor 17/11
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva raspou ontem a barba e o cabelo, dezesseis dias depois de iniciar o tratamento contra o câncer de laringe. Careca, manteve apenas o bigode. Na próxima semana, Lula deve submeter-se à segunda sessão de quimioterapia.

A esposa do ex-presidente, Marisa Letícia, cortou a barba e o cabelo dele. A barba marcou o visual de Lula por mais de trinta anos. Em 1989, quando disputou a Presidência, foi chamado de "sapo barbudo" por Leonel Brizola, governador morto em 2004. Até o fim dos anos 70, porém, o petista usava bigode, sem barba. Em 1978, era esse o visual que se destacava no então líder sindical enquanto pedia votos para Fernando Henrique Cardoso eleger-se senador pelo PMDB de São Paulo. "Nunca vi Lula sem bigode", recorda-se Paulo Okamotto, amigo do petista e diretor-presidente do Instituto Lula. Segundo Okamotto, o ex-presidente "está bem" e "sempre pergunta" sobre o funcionamento do instituto que leva seu nome.

A mudança no visual de Lula, por conta da quimioterapia, fomentou boatos como o de que a marca Gillette teria oferecido R$ 1 milhão para o petista raspar a barba. A Gillette e o Instituto Lula desmentiram a informação. O governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), ganhou R$ 500 mil da Procter&Gamble, dona da marca Gillette, para tirar a barba, cultivada por 34 anos, e doou a quantia ao Instituto Ayrton Senna.

Lula foi submetido à primeira sessão de quimioterapia em 31 de outubro e a próxima será no dia 21. A quimioterapia deve ser feita até o fim do ano, seguida por radioterapia, em janeiro de 2012. O término do tratamento está previsto para o fim de janeiro.

Com a saúde debilitada, Lula tem evitado participar de eventos e cancelou viagens. Ontem, ausentou-se de encontro com empresários sobre investimentos na África, organizado pelo Instituto Lula em parceria com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e a Federação Brasileira de Bancos (Febraban).

Hoje será homenageado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo, mas não deverá participar.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Como congestionamentos podem afetar a saúde mental


Por Robert Lee Hotz The Wall Street Journal

Cidades congestionadas estão se tornando tubos de ensaio para cientistas estudarem o impacto da poluição do trânsito sobre o cérebro humano.

Quando as rodovias se estrangulam com o trânsito, pesquisadores suspeitam que o escapamento dos carros e caminhões - especialmente as pequenas partículas de carbono já relacionadas a doenças do coração e respiratórias, e ao câncer - podem também danificar as células cerebrais e as sinapses que são elementos-chave para o conhecimento e a memória.

Novos estudos de saúde pública e experiências de laboratório sugerem que, em cada estágio da vida, a fumaça do trânsito tem um efeito mensurável na capacidade mental, inteligência e estabilidade emocional. "Mais e mais cientistas estão tentando descobrir se e por que a exposição à poluição do escapamento do carro pode danificar o cérebro humano", diz o médico epidemiologista Jiu-Chiuan Chen, da Universidade do Sul da Califórnia, que está analizando os efeitos da poluição do trânsito sobre a saúde cerebral de 7.500 mulheres em 22 Estados americanos. "As informações sobre efeitos nos humanos são muito recentes."

Até aqui, a evidência é basicamente circunstancial mas preocupante, dizem os pesquisadores. E ninguém tem certeza ainda das consequências para biologia do cérebro ou comportamento. "Existe motivo real para preocupação", diz a neuroquímica Annette Kirshner, do Instituto Nacional de Ciências da Saúde Ambiental da RTP, uma organização de pesquisa científica na Carolina do Norte. "Mas nós devemos proceder com cautela".

Carros e caminhões produzem hoje um décimo da poluição de um veículo de 1970. Ainda assim, mais pessoas estão nas ruas e elas estão frequentemente paradas no trânsito. Nos dez piores corredores de trânsito dos Estados Unidos, motoristas dirigindo passam, em média, 140 horas por ano, quase o mesmo que passam no trabalho em um mês, segundo uma nova pesquisa.

Ninguém sabe se as pessoas que fazem a viagem diária do trabalho para casa respirando a fumaça pesada do trânsito sofrem algum efeito permanente sobre o funcionamento cerebral. Pesquisadores tem estudado apenas o potencial impacto com base no local onde a pessoa mora e onde os níveis de poluição do ar são mais altos. Mesmo se existisse algum efeito cognitivo crônico nos motoristas, ele poderia ser muito pequeno para uma medida confiável ou poderia ser subestimado por outros fatores de saúde como estresse, dieta ou prática de exercício físico que afetam o cérebro, dizem especialistas.

Estudos recentes mostram que respirar o nível de fumaça de uma rua por apenas 30 minutos pode intensificar a atividade elétrica em regiões do cérebro responsáveis pelo comportamento, personalidade e tomada de decisão, mudanças que são sugestivas de estresse, cientistas na Holanda descobriram recentemente. Respirar o ar normal da cidade com alto nível de poluição de trânsito por 90 dias pode mudar a maneira como os genes se ativam e desativam entre os mais velhos; também pode deixar uma marca molecular no genoma de um recém-nascido para o resto da vida, reportaram pesquisas feitas por pesquisadores das universidades Columbia e Harvard.

Crianças em áreas afetadas por altos níveis de emissões de poluentes tiveram, em média, desempenhos muito baixos em teste de inteligência e eram mais predispostas a depressão, ansiedade e problemas de atenção que crianças que cresceram em áreas de ar mais limpo, atestaram pesquisadores de diferentes grupos em Nova York, Boston, Pequim e Cracóvia, na Polônia. E homens e mulheres mais velhos com longa exposição a níveis mais elevados de partículas relacionadas ao trânsito e ozônio tiveram problemas de memória e racionínio que efetivamente acrescentaram mais cinco anos a sua idade mental, constaram este ano outros pesquisadores universitários em Boston. As emissões de poluentes podem elevar o risco de mal de Alzheimer e acelerar os efeitos da doença de Parkinson.

"As evidências de que a poluição do ar pode afetar o cérebro estão crescendo", diz a médica epidemiologista Heather Volk, da Faculdade de Medicina Keck, da Universidade do Sul da Califórnia. "Nós estamos começando a perceber que os efeitos podem ser mais extensos do que achávamos".

Revisando registros de nascimento, Volk e seus colegas calcularam que crianças nascidas de mães que moram num raio de 300 metros de uma grande rodovia em Los Angeles, San Francisco ou Sacramento - grandes cidades da Califórnia - eram duas vezes mais propensas a ter autismo, independentemente de gênero, etnicidade, nível educacional, idade da mãe, exposição a cigarro e outros fatores. As descobertas foram publicadas neste ano na publicação científica "Environmental Health Perspectives".

"Baseado em nossa informação, o ar poluído pode ser um fator de risco para autismo", diz Volk. Mas, existem tantas possibilidades genéticas e influências ambientais que "é muito cedo para alarme", diz ela.

A fumaça dos carros pode ir muito mais longe do que se pensava. A poluição de uma grande rodovia de Los Angeles alcançou quase 2,5 quilômetros a favor do vento - 10 vezes mais do que se imaginava antes.

Cientistas acreditam que medidas simples para acelerar o trânsito são um fator para redução de problemas de saúde pública. Em New Jersey, partos prematuros, um fator de risco para problemas cognitivos, em áreas em torno de rodovias caíram 10,8% depois da introdução de um sistema tipo expresso, que facilitou o tráfego e reduziu a poluição de automóveis, de acordo com estudos publicados em revistas científicas este ano e em 2009.

Depois que as autoridades de tráfego de Nova York redicionaram recentemente o fluxo no Times Square, centro da cidade, para reduzir o congestionamento, os níveis de poluição do ar nas áreas próximas caíram 63%.

Cientistas estão apenas começando a entender a biologia básica do efeito neurológico das toxinas do escapamento do carro, especialmente da exposição no prenatal e ao longo da vida. "É difícil desembaraçar todas as coisas do escapamento do automóvel e separar os efeitos do trânsito de todas as outras possibilidades", diz Currie, que estuda a relação entre o trânsito e a saúde infantil.

Pesquisadores em Los Angeles, a cidade mais congestionada dos EUA, estão estudando ratos que cresceram no laboratório respirando ar de uma rodovia próxima. Eles descobriram que as partículas inaladas pelos ratos - cada partícula menor que um milésimo da largura de um cabelo humano - de alguma forma afetam o cérebro, causando inflamação e alterando a química entre os neurônios envolvidos na capacidade de aprendizado e na memória.

Inspeção em veículos a diesel reduz mortes em São Paulo, afirma estudo da USP


A inspeção ambiental nos veículos a diesel foi responsável por evitar a morte de 252 pessoas na cidade de São Paulo em 2010, de acordo com estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) apresentado no dia 18. A pesquisa aponta também que foram evitadas 298 internações por problemas provocados pela poluição – no caso do diesel, principalmente de material particulado. A impureza do ar agrava doenças como asma e pneumonia.

“É como se a gente fumasse um pouco sem querer, cerca de dois ou três cigarros. Não é muito em comparação ao fumante, mas afeta bebês, gestantes, asmáticos”, explicou à Folha.com o médico Paulo Saldiva, coordenador do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP. Segundo o especialista, cerca de quatro mil pessoas morrem todos os anos em consequência da poluição do ar em São Paulo, mais do que os óbitos registrados em razão da aids e da tuber­culose somados.

O relatório considerou cálculos do consultor Gabriel Branco, com base nos dados da inspeção em 2010. Os 121 mil veículos a diesel inspecionados foram responsáveis por reduzir uma quantidade de material particulado que seria produzida por 20 mil veículos. “Ou seja, é como se a inspeção tivesse ‘retirado’ da frota da cidade 20 mil veículos”, comparou Branco.

Os veículos a diesel produzem 40% do material particulado na atmosfera. Segundo especialistas, a tecnologia do diesel no Brasil é atrasada, pois um ônibus daqui polui até 15 vezes mais que os da Europa e Estados Unidos. O estudo da USP aponta que, caso toda a frota a diesel esperada pela inspeção se submetesse ao teste (240 mil veículos), teriam sido evitadas 498 mortes e 588 internações no ano passado.

“Quando o médico tem um paciente com sobrepeso, ele recomenda uma dieta. Mas, nessa área, a saúde não tem o que fazer. Você não pode recomendar para ninguém que tenha ar engarrafado, que fuja da cidade. O remédio está nas mãos de outras secretarias”, observou Saldiva.

No bolso

O estudo da USP aponta ainda que, com a redução das internações, a inspeção economizou ao sistema de saúde público e particular US$ 987,4 mil (R$ 1,6 milhão). Caso toda a frota fosse inspecionada, seriam economizados US$ 1,9 milhão (R$ 3 milhões). Para Saldiva, “é mais fácil você sensibilizar as pessoas por dinheiro do que por fila de hospital”.

“O gestor tem que ter esta informação, porque ele sabe quanto custa mudar, mas não sabe quanto custa manter”, Paulo Saldiva.

De acordo com Saldiva, o próximo estudo a ser realizado será o do impacto da inspeção nos automóveis e motos, que emitem monóxido de carbono e hidrocarbonetos.

* Publicado originalmente no site EcoD.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Repelente dos pescadores


Repelente barato, cheiroso e eficaz! Leiam, não é só para o mosquito da dengue. Estou repassando, por entender tratar-se de uma solução fácil para um problema que vem se arrastando e adoecendo tantas pessoas. Se for possível, repassem. Senhores, volto a insistir, com tanta chuva, está sendo impossível controlar poças d’agua e criadouros, como sabem. Estou fazendo um trabalho de formiguinha e está dando certo. Este repelente caseiro, ingredientes de grande disponibilidade, fácil de preparar em casa, de agradável aroma, econômico. Em contato com pessoas, tenho notado que não se protegem, estão reclamando que crianças estão cheias de picadas. Tenho distribuído frascos como amostra, todos estão aderindo. Já distribuí 500 frascos e continuo. Mas, sou sozinha, trabalhando com recursos próprios, devido ao grande número de casos de dengue, não consigo abranger. Gostaria que a SUCEN sugerisse aos municípios distribuir este repelente (numa emergência) nos bairros carentes com focos da dengue, ensinando o povo para futuramente preparar e usar diariamente, como se usa sabonete, pasta de dente. Protegeria as pessoas e ao mesmo tempo, diminuiria a fonte de proteína do sangue humano para o aedes maturar seus ovos, atrapalhando assim, a proliferação. Não acham que qualquer ação que venha a somar nesta luta deveria ser bem vinda?

DENGUE: FAÇA O REPELENTE DOS PESCADORES EM CASA:

1/2 litro de álcool;

- 1 pacote de cravo da Índia (10 gr);

- 1 vidro de óleo de nenê (100ml)

Deixe o cravo curtindo no álcool uns 4 dias agitando, cedo e de tarde;

Depois coloque o óleo corporal (pode ser de amêndoas, camomila, erva-doce, aloe vera).

Passe só uma gota no braço e pernas e o mosquito foge do cômodo.

O cravo espanta formigas da cozinha e dos eletrônicos, espanta as pulgas dos animais.

O repelente evita que o mosquito sugue o sangue, assim, ele não consegue maturar os ovos e atrapalha a postura, vai diminuindo a proliferação.

A comunidade toda tem de usar, como num mutirão. Não forneça sangue para o aedes aegypti!

Ioshiko Nobukuni

Sobrevivente da dengue hemorrágica

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

GORDINHO, GORDO



Paulistano de 27 anos conta como deixou para trás 81 kg e uma vida sedentária após se submeter a uma cirurgia de redução de estômago e virar o cotidiano do avesso com a ajuda do esporte; agora, ele se prepara para sua primeira prova tripla, de corrida, ciclismo e natação

RESUMO
O gerente de recursos humanos Wellington Costa Landin, 27, chegou a pesar 152 kg, com 1,73 m de altura. O paulistano fez cirurgia de redução de estômago, perdeu peso, mas voltou a engordar, depois de se mudar para Estância Velha, no Rio Grande do Sul, com a namorada. Eles se conheceram em uma sala de bate-papo para gordinhos na internet. Landim conta que só abandonou seus velhos hábitos ao começar a correr. Ele quer se formar em educação física e trabalhar com obesos.

(...) Depoimento a

RODOLFO LUCENA
COLUNISTA DA FOLHA

Eu era o gordinho legal. Com 13 anos e 1,65 m de altura, já pesava mais de 90 kg, sempre sedentário, não estava nem aí para a saúde.
Com 17 anos, só queria aquela bebidinha, um cigarrinho, e a balança já estava nos 120 kg.
Os problemas aumentaram: dificuldade para subir em um ônibus ou descer uma escada, além de começar a perceber o valor que as pessoas dão à estética.
Passei a fumar para valer, tive problemas de circulação, diabetes, mas o pior foi a depressão: comecei a não mais me aceitar como eu era e a me revoltar por não conseguir emagrecer.

OPERAÇÃO
Em 2008, aos 24 anos, cheguei a pesar 152 kg, o ápice da obesidade, passando o IMC [Índice de Massa Corporal] de 50 (minha altura é de 1,73 m).
Fui procurar ajuda no Hospital das Clínicas de São Paulo. Fiz um ano de preparação psicológica e acompanhamento até que, em novembro de 2009, fui autorizado a passar por uma cirurgia de redução de estômago -tinha conseguido baixar o peso para 133 kg.
Acabei ficando internado por quase três meses, por complicações na cirurgia. Mesmo quando saí do hospital, ainda fiquei com uma sonda gástrica por mais 60 dias, para alimentação. Só me alimentava via sonda....
Perdi um peso considerável, cheguei perto dos 80 kg, e consegui voltar a trabalhar.
Mas continuava fumante e sedentário, mesmo sendo funcionário de uma academia de ginástica.
Operei o estômago, mas a cabeça continuava de obeso.

MESA FARTA
O que mudou minha vida foi uma pessoa que conheci pela internet, quando eu ainda me recuperava da cirurgia, mas já tinha saído do hospital. Eu conversava pela internet com pessoas que tinham o mesmo problema de peso que eu, procurava esclarecer dúvidas sobre a cirurgia de redução de estômago e, um belo dia, encontrei a Sílvia em uma sala de bate-papo para gordinhos.
Começamos a namorar à distância, pois ela é do Rio Grande do Sul. A gente se encontrava uma vez por mês, até que decidimos pela minha mudança para o Sul.
Vim de mala e cuia para Estância Velha, uma cidadezinha linda no pé da serra, com um baita frio e comida farta, muito farta.
Cheguei aqui depois de um ano e três meses da cirurgia, já tinha perdido mais de 70 kg. Mas com cinco meses no novo regime, engordei 10 kg fácil, fácil. Cheguei aqui com 78 kg e logo estava com 86 kg. Naquele andar da carruagem, logo estaria beirando os 100 kg novamente.
Comecei então a caminhar para tentar controlar o peso. Fazia tudo a pé. Resolvi dar pequenos trotes e em dois meses estava correndo 5 km. Fiquei maravilhado.
Virei amante e viciado em endorfina assim como todos que habitam esse mundo que me parecia tão distante! Para falar a verdade, não sei como demorei 26 anos e alguns meses da minha vida para descobrir algo tão maravilhoso, prazeroso e saudável.

VIDA DE ATLETA
A corrida me traz uma satisfação enorme: menos de um ano após minhas primeiras caminhadas, estou correndo os 10 km em 39 minutos, o que é uma marca boa para um amador iniciante como eu -é o que me dizem.
Hoje treino sozinho, fazendo de 50 km a 60 km por semana. Também comecei a pedalar forte e estou fazendo uma média de 250 km a 300 km por semana. Participo de provas de duatlo -corrida e bicicleta-e, no ano que vem, quero fazer meu primeiro meio Ironman [1.900 m de natação, 90 km de bicicleta, 21,1 km de corrida].
Estou fazendo um trabalho nutricional e acompanhamento fisioterápico, pois meu "chassi" depois de tanto tempo já não é mais o mesmo.
Faço acompanhamento médico quase mensal e sei que ainda vou ter de passar por outra cirurgia para tirar o excesso de pele -nos meus 71 kg de hoje, pelo menos uns dois são de pelanca.
Essa vida de atleta amador é muito nova para mim. As conquistas me dão ânimo e motivos para querer melhorar cada dia mais na vida, não só como um corredor, mas como ser humano.
Já decidi que, assim que me formar em recursos humanos, começo a fazer educação física, e meu foco vai ser trabalhar com pessoas com obesidade.